Terapias Direcionadas ao Hospedeiro (do inglês, host-directed therapy) são medicações que modificam a resposta inflamatória, permitindo uma melhor resolução da infecção. Em um cenário global de aumento na incidência de germes multirresistentes e alta incidência de complicações pós-infecciosas, torna-se fundamental a descoberta de agentes moduladores que otimizem o tratamento dessas infecções.
Uma das sessões do congresso da ATS 2025 abordou justamente os últimos avanços nas terapias adjuvantes no tratamento de infecções pulmonares.
Na abertura da mesa, o professor Andrew Dinardo ilustrou os perfis de resposta inflamatória dos pacientes frente a infecções, utilizando a tuberculose e a sepse como exemplos da importância da identificação do fenótipo inflamatório do paciente. Ou seja, embora se trate de sepse ou tuberculose, os pacientes não são homogêneos, e o perfil de resposta presente em cada caso pode determinar o sucesso de uma terapia adjuvante.
Existem três cenários possíveis: uma resposta deficiente, onde o hospedeiro não consegue se proteger do agente agressor; um equilíbrio, onde o hospedeiro consegue combater o agressor; e um excesso de resposta, onde o próprio hospedeiro gera lesão em seu organismo. Nesse contexto, identificar o perfil do paciente auxilia na prevenção de lesões pós-infecções e na melhora do desfecho, seja através do aumento da imunidade ou da limitação da resposta inflamatória.
Em relação à pneumonia comunitária, a professora Chiagozie Pickens discutiu o uso de terapias adjuvantes, como corticoides e imunomoduladores, nos casos de pneumonia bacteriana e/ou viral. Um dos exemplos foi a pneumonia por COVID-19, na qual se evidenciou um perfil de pacientes com uma resposta inflamatória exacerbada que levava a um pior desfecho. Nesse caso, uma das terapias utilizadas foi o corticoide, cujo início da medicação só trouxe benefício nos pacientes moderados a graves em uso de oxigenoterapia. É importante ressaltar que as terapias precisam ser administradas em janelas de oportunidade da resposta inflamatória do paciente para um melhor resultado, sendo os biomarcadores, como a PCR, essenciais nesse contexto.
A terapia adjuvante também se aplica aos pacientes com bronquiectasia, compreendendo que essa doença é primariamente inflamatória. Nesse cenário, existem diversos perfis inflamatórios, e a terapia adicionada dependerá desse perfil. A azitromicina, embora seja um antibiótico, apresenta um perfil imunomodulador e reduz a exacerbação principalmente em pacientes com mais de três exacerbações prévias, independentemente da presença de infecção crônica por Pseudomonas.
Na área da Tuberculose, a professora Mônica Campo abordou a importância de reconhecer que a resposta inflamatória é relevante, devendo ser incluída nos ensaios clínicos não somente a cura microbiológica, mas também a melhora funcional. Nesse cenário, a nova geração de HDT na TB inclui: inibidor de CXCR2, inibidor de MCL-1 e BCL-2, nicotinamida, derivados de itaconato e ácido transretinoico.
- Thomas J. Scriba et al. Immunopathology in human tuberculosis. Sci. Immunol. 9, eado5951 (2024).
Os avanços na identificação dos fenótipos das infecções, por meio de rastreamento genético e bioassinaturas, representam o futuro do tratamento de infecções pulmonares, otimizando a resposta do hospedeiro a fim de alcançar a cura mais rapidamente e com menos sequelas. No presente, progressos significativos estão sendo feitos em direção à cura e à saúde pulmonar.
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