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Pneumologia5 abril 2025

ACP 2025: Updates em pneumologia e terapia intensiva

O congresso do American College of Physicians 2025 contou com a sessão que discutiu atualizações em pneumologia e terapia intensiva.
Por Bruna Provenzano

A professora Stephanie Christenson, médica pneumointensivista, foi a responsável pela sessão de atualizações em pneumologia e terapia intensiva no congresso do American College of Physicians 2025. Em 2024, ano marcante para pneumologia, houve a inclusão de dupilumabe no arsenal terapêutico da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Atualizações na Pneumologia

O primeiro estudo a ser discutido na área da pneumologia foi sobre as implicações que o uso de equações de função pulmonar ajustada pela etnia provoca nos pacientes. Esse trabalho com mais de 300 mil pacientes comparou os valores das equações ajustadas pela etnia versus os não ajustados. O trabalho demonstrou que para a população afro-americana houve impacto maior, principalmente nos valores limítrofes, com mudança de classificação diagnóstica. De forma geral, é importante levar em consideração que valores no limite inferior devem ser revistos com equação global. Afinal, a etnia não interfere no desenvolvimento pulmonar, sendo mais relevante a altura e gênero do paciente.

O segundo estudo discutido foi o diagnóstico precoce em DPOC e asma publicado na New England Journal of Medicine. O preâmbulo abrange a dificuldade de identificar esses pacientes de forma precoce, visto a abordagem na pneumologia atual ser mais reativa do que proativa, aguardando a exacerbação e o estabelecimento da doença. O protocolo do estudo avaliou, por meio de ligação telefônica, pacientes com sintomas respiratórios. Aqueles identificados foram randomizados em dois grupos, sendo um tratado pelo pneumologista e o outro por um clínico geral. Nesses grupos, foram identificados pacientes com DPOC, mostrando que a busca ativa de doentes tem sucesso na identificação de indivíduos doentes. O grupo tratado com especialista teve uma redução de 52% na utilização do sistema de saúde, com melhora na qualidade de vida e na função pulmonar. É importante ressaltar que eram pacientes bem sintomáticos com CAT escore elevado, cuja média foi 17.

O terceiro trabalho foi sobre depemoquimabe em asma grave, o qual é um anti-IL-5 semestral. Foram randomizados 792 pacientes com fenótipo de asma eosinofílica com pelo menos duas exacerbações no último ano. O grupo intervenção teve redução de cerca de 50% na taxa de exacerbações, compatível com resultados de outros anti-IL-5. Entretanto, não teve impacto no controle de sintomas e qualidade de vida, podendo ser reflexo da redução do efeito com o passar do tempo. Esse dado ainda será mais explorado por novos estudos.

O quarto trabalho foi sobre o estudo NOTUS, o qual avaliou o uso de dupilumabe em pacientes com DPOC eosinofílico, exacerbador e com fenótipo bronquítico. No grupo intervenção, houve melhora da função pulmonar e redução das exacerbações nas 52 semanas analisadas. Diante disso, torna-se possível o uso de dupilumabe nos pacientes exacerbadores e refratários em tripla terapia. Ademais, torna-se fundamental o estudo do perfil inflamatório desses pacientes. Isto é, os eosinófilos são relevantes e determinam a elegibilidade para o tratamento.

O último trabalho foi sobre tratamento a longo prazo com oxigênio suplementar, em pacientes com hipoxemia grave. No geral, não houve diferença de mortalidade e hospitalização entre o grupo que usou por 15 horas/dia quando comparado com o grupo que utilizou oxigênio por 24 horas diárias.

Veja também: Começa o ACP 2025: o que será abordado?

Atualizações na Terapia Intensiva

Em relação à terapia intensiva, o primeiro trabalho discutido foi o estudo brasileiro publicado na JAMA sobre o uso de cateter de alto fluxo versus ventilação mecânica não-invasiva. Foi um estudo de não inferioridade, onde não foi encontrada diferença entre os métodos para abordagem de hipoxemia. É interessante ressaltar que alguns subgrupos como DPOC tiveram uma tendência a melhorar mais com VNI.

O segundo trabalho foi sobre infecções de corrente sanguínea e o tempo de antibiótico. Dos participantes, 55% estavam em terapia intensiva e os pacientes com estafiloccocemia foram excluídos. Os resultados demonstraram que tratar infecção de corrente sanguínea por 7 dias de antibiótico não foi inferior a 14 dias. Esse resultado tem impacto desde custos à redução de eventos adversos e de resistência microbiana ao se prolongar o uso de antibiótico.

O último trabalho foi sobre a profilaxia com inibidor de bomba de próton. Foram avaliados cerca de 4 mil pacientes de terapia intensiva em relação ao uso de pantoprazol 40mg/dia, com impacto importante na prevenção de sangramento de trato gastrointestinal, embora não tenha havido redução de mortalidade. Além disso, não houve aumento de clostridium nem pneumonia bacteriana no grupo intervenção quando comparado ao controle.

Mensagens gerais:

Pneumologia:

– O uso de equações de função pulmonar ajustadas para etnia pode levar a resultados equivocados e classificação inadequada dos pacientes

– O rastreio a partir de sintomas respiratórios em pacientes com fatores de risco para asma e DPOC identificou de forma precoce esses pacientes

– O depemoquimabe é um novo anti-IL5 semestral com redução nas exacerbações confirmando o efeito da classe de medicamentos

– O dupilumabe reduziu exacerbação e melhorou função pulmonar em pacientes DPOC eosinofílico exacerbador

– O uso de oxigenoterapia domiciliar por 15 horas não foi inferior a 24h nos pacientes com hipoxemia grave

Terapia Intensiva:

– CNAF é não-inferior a VNI na hipoxemia grave. Entretanto, na DPOC há tendência a maior benefício da VNI

– Tratar ICS não-estafilocócica por 7 dias foi não inferior a 14 dias

– Usar inibidor de bomba de prótons em pacientes sob ventilação mecânica reduziu hemorragia do trato gastrointestinal sem aumento de incidência de clostridium ou pneumonia

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Referências bibliográficas

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