A ruptura do tendão de Aquiles (RTA) é uma lesão comum, especialmente entre adultos ativos, e pode ser tratada de forma cirúrgica ou não cirúrgica. No entanto, independentemente do tipo de tratamento, há um risco elevado de tromboembolismo venoso (TEV), que inclui trombose venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar. Um estudo recente publicado no Injury analisou a incidência de TEV após RTA, trazendo dados importantes para a prática ortopédica.
O estudo e seus achados
O estudo analisou 11.363 pacientes com lesões no pé e tornozelo, dos quais 1.084 sofreram ruptura do tendão de Aquiles. O objetivo foi identificar a taxa de TEV em até 90 dias após a lesão e avaliar fatores de risco associados.
Os resultados revelaram que:
- A taxa de TEV após RTA foi de 3,69%, significativamente maior do que a taxa observada em outras cirurgias ortopédicas do pé e tornozelo (0,57%).
- Pacientes com RTA tiveram um risco 6,5 vezes maior de desenvolver TEV em comparação com outros procedimentos ortopédicos na mesma região.
- Pacientes mais velhos (média de 54 anos) apresentaram maior incidência de TEV em comparação aos mais jovens (média de 48 anos).
- Não houve diferenças significativas nos casos de TEV entre os grupos tratados cirurgicamente e não cirurgicamente.
- O uso de profilaxia química, como heparina de baixo peso molecular, não reduziu significativamente a incidência de TEV.
O que isso significa para a prática clínica?
Esse estudo reforça que pacientes com ruptura do tendão de Aquiles estão em alto risco de desenvolver TEV, independentemente do tipo de tratamento. Isso parece ocorrer devido à imobilização prolongada, redução da função da bomba muscular da panturrilha e possíveis fatores inflamatórios locais.
A falta de efeito protetor significativo da profilaxia química levanta questões importantes sobre a necessidade de individualizar a abordagem para cada paciente. O uso de anticoagulantes deve ser balanceado entre os riscos e benefícios, especialmente considerando o risco de sangramentos e complicações de ferida cirúrgica.
Além disso, estratégias como mobilização precoce e uso de dispositivos mecânicos para prevenção de TEV podem ser alternativas relevantes. O estudo também sugere que a idade do paciente deve ser levada em consideração ao avaliar o risco de complicações tromboembólicas.
Saiba mais: Como é o tratamento da lesão no tendão calcâneo (Aquiles)?
Mensagem prática
A incidência de TEV após ruptura do tendão de Aquiles é considerável e exige uma abordagem cuidadosa. A profilaxia química isolada pode não ser suficiente, reforçando a necessidade de protocolos personalizados que incluam mobilização precoce e acompanhamento rigoroso. A decisão sobre o uso de anticoagulação deve ser feita caso a caso, levando em conta os fatores de risco individuais de cada paciente.
Esse estudo destaca a importância de mais pesquisas para definir as melhores estratégias de prevenção e manejo do TEV nessa população de pacientes ortopédicos.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.