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Ortopedia15 dezembro 2025

Tempo de atividade física e desenvolvimento de impacto femoroacetabular

Alta carga esportiva (3–8 treinos/semana) se associa a maior morfologia cam e ângulo alfa em jovens, aponta revisão.

O impacto femoroacetabular (IFA) é uma causa comum de dor no quadril e artrose no adulto. Pode ser classificado nos tipos cam, pincer e misto. O tipo cam é mais prevalente em homens e na população atlética onde se presume amplamente que se desenvolva secundariamente a altos níveis de atividade esportiva durante a imaturidade esquelética. 

Apesar dessa associação entre atletas e IFA, há uma lacuna na literatura sobre a magnitude do volume de treinamento e frequência gerando a alteração de morfologia da cabeça femoral.  

Diante disso, foi publicado recente mente na revista “BMC Musculoskeletal Disorders” um estudo com o objetivo de mapear sistematicamente as evidências disponíveis sobre a associação entre os níveis de atividade física e a morfologia do cam e elucidar a natureza dessa associação, examinando se existe um efeito limiar em intensidades ou durações de treinamento específicas que possam informar diretrizes preventivas. 

atividade física intensa e morfologia cam

Metodologia 

O estudo foi uma revisão sistemática onde foram pesquisadas as bases de dados MEDLINE, Embase e Cochrane a partir de 1999. Os critérios de inclusão foram estudos: em inglês; envolvendo pacientes com idade ≤ 30 anos; nos quais a morfologia cam foi mensurada utilizando parâmetros radiográficos como o ângulo α; e que foram especificamente planejados para comparar coortes com diferentes níveis de atividade sem tratamentos intervenientes.  

Estudos de intervenção, artigos não originais, notas técnicas, editoriais, comentários, resumos de conferências, intervenções cirúrgicas ou terapêuticas que possam alterar o curso natural da morfologia do impacto femoroacetabular (IFA) foram excluídos. 

Resultados 

Foram identificados nove estudos envolvendo 890 participantes (684 homens, 206 mulheres). A qualidade metodológica dos estudos incluídos variou de 44% a 95%, com percentagens mais altas indicando melhor qualidade.  

Os grupos de alta atividade física (aproximadamente 3 a 8 sessões de treinamento por semana ou 3,5 a 12,5 horas de treinamento semanal) apresentaram maior prevalência de morfologia cam por indivíduo e por quadril em comparação com os grupos de baixa atividade física. Os valores do ângulo α também foram maiores nos grupos de alta atividade. As evidências foram heterogêneas em relação aos métodos de mensuração da prevalência de cam, às definições dos grupos de atividade e às populações estudadas. A inconsistência na descrição do tempo e da frequência dos exercícios impediu uma caracterização significativa de sua associação com a morfologia cam. 

O que podemos levar para casa? 

O estudo concluiu que grupos que relatam altos níveis de atividade esportiva apresentam maior prevalência de morfologia cam e maiores valores de ângulo α em comparação com grupos menos ativos. Mesmo assim, seguem existindo lacunas significativas no conhecimento sobre a relação entre o tempo e a frequência do exercício e o desenvolvimento da morfologia cam.  

Estudos de coorte prospectivos com relatos padronizados dos níveis de atividade e estratificação clara da atividade esportiva na adolescência são necessários para melhor caracterizar essa relação e fundamentar diretrizes baseadas em evidências para a participação de jovens em esportes. 

Autoria

Foto de Giovanni Vilardo Cerqueira Guedes

Giovanni Vilardo Cerqueira Guedes

Editor Médico de Ortopedia da Afya ⦁  Mestre em Ciências Aplicadas ao Sistema Musculoesquelético (INTO) ⦁  Ortopedista, Cirurgião da Mão e Microcirurgião formado pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad - INTO ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ⦁ Fellowship em Cirurgia da Mão e Artroscopia de Punho pela International Bone Research Association - IBRA (Clínica Teknon, Barcelona, Espanha, 2022)

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Referências bibliográficas

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