A osteocondrite dissecante é uma doença da cartilagem articular e osso subcondral ocorrendo mais comumente no joelho, seguido pelo tornozelo e cotovelo. Com relação à epidemiologia da osteocondrite dissecante do cotovelo (ODC), os pacientes mais comuns são adolescentes, atletas, envolvidos em esportes de arremesso, ginástica ou trabalhadores manuais. Quanto à etiologia, podem existir fatores vasculares, inflamatórios, genéticos e sofrer influência de microtraumas.
O tratamento inicial é conservador com medicamentos analgésicos e evitando as atividades que geram sintomas. O tratamento cirúrgico é indicado no insucesso do conservador ou em lesões instáveis, com corpo livre e dor refratária e as opções incluem procedimentos de restauração como enxerto autólogo ou alógeno osteocondral, debridamento e microfraturas. Essas técnicas podem ser realizadas por via aberta ou artroscópica e possuem taxas diferentes de complicações e resultados de sucesso ao retorno ao esporte.
Assim, foi publicado recentemente no “Journal of Orthopaedic Surgery and Research” um estudo com o objetivo de determinar o risco de pacientes com ODC receberem cirurgia de revisão, bem como a duração média entre as operações primária e secundária. Foram pesquisadas as bases de dados Medline, Embase e Pubmed de 1990 a dezembro de 2022.
METODOLOGIA
Foram incluídos estudos de tratamento em humanos menores de 18 anos da ODC com diferentes graus de evidência na língua inglesa e documentando cirurgia de revisão após falha da primária. Estudos em cadáveres, resumos de conferências, artigos de revisão, guias técnicos, séries de casos com menos de 5 pacientes, capítulos de livros didáticos e estudos sem revisão ou acompanhamento de complicações foram excluídos.
RESULTADOS
Um total de 6457 estudos foram identificados por meio da busca bibliográfica inicial com 4147 duplicatas removidas, restando 2310 estudos únicos para triagem. Após a aplicação dos critérios de inclusão, foram selecionados 20 artigos completos, todos séries de casos de nível IV. Vinte estudos envolvendo 477 cotovelos (474 atletas) foram incluídos, 55 dos quais foram submetidos a cirurgia de revisão.
Os atletas foram divididos em grupos de desbridamento, microfratura e enxerto osteocondral. A taxa geral de revisão foi de 11,53%, e a taxa de revisão dos três grupos foi de 11,2%, 14,2% e 9,19%, respectivamente.
Onze dos 20 estudos (24 de 175 atletas submetidos à cirurgia de revisão) com dados completos foram incluídos na análise intervalar da cirurgia de revisão. Os intervalos médios de todos os participantes e dos três grupos foram de 19,3, 10,4 e 24,2 meses, respectivamente.
A correlação de postos de Spearman não mostrou associação significativa entre a duração do acompanhamento e a taxa de revisão (rho = –0,31, p = 0,18) ou o intervalo de revisão (rho = 0,02, p = 0,95) na coorte geral. Os coeficientes de correlação entre os subgrupos cirúrgicos também variaram em direção e não foram estatisticamente significativos.
O QUE PODEMOS LEVAR PARA CASA?
Aproximadamente 11% dos pacientes necessitaram de cirurgia de revisão após o tratamento primário para ODC, com um intervalo médio de 25 meses. Não houve associação significativa entre a duração do acompanhamento e a taxa de revisão ou o intervalo de revisão. Portanto, investigações e programas de reabilitação adicionais podem ser necessários para diminuir essa taxa de revisão.
É importante lembrar que se trata de uma patologia não muito comum e com diferentes formas de tratamento e, mesmo após o tratamento cirúrgico, o acompanhamento é importante pela possibilidade de falha e necessidade de revisão.
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