O câncer de próstata corresponde a 26% das novas neoplasias em homens. A terapia por privação de andrógenos (TPA) é importante no tratamento de tumores localmente avançados ou com metástase, porém pode resultar em redução da densidade mineral óssea (DMI) e fraturas subsequentes. Um estudo com dados colhidos entre 1992 e 1997 demonstrou que 19,4% dos homens que receberam tal terapia sofreram uma fratura entre 12 a 60 meses após o diagnóstico, enquanto o mesmo ocorreu em apenas 12,6% dos que não receberam a terapia.
Várias revisões sistemáticas do início dos anos 2000 que relataram o risco de fratura com o uso de ADT entre homens com câncer de próstata, bem como diretrizes mais recentes de organizações profissionais, defendem o rastreamento da osteoporose usando exames de raios-x de dupla energia (DXA). Foi publicado no último mês no Journal of the American Medical Association (JAMA) um estudo com o objetivo de avaliar as taxas de rastreamento de absorciometria de raio x de dupla energia (DXA) e sua associação com taxas de fraturas em homens idosos com câncer de próstata que iniciaram tratamento com terapia de privação androgênica.
O estudo
Foram incluídos, após avaliação de 2 bases de dados americanas, homens de 66 anos ou mais com diagnóstico de câncer de próstata entre janeiro de 2005 e dezembro de 2015 que receberam TPA ou foram submetidos a orquiectomia entre 30 dias antes até 1 ano após o diagnóstico e que não faleceram em até 1 ano. Foram excluídos pacientes com câncer metastático ou com fraturas no mesmo sítio 12 meses antes ou após início da terapia.
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Os desfechos primários de interesse foram as frequências de screening de DXA e fratura (qualquer fratura e fratura osteoporótica importante) e sobrevida global (SG). A frequência de screening com DXA (códigos de procedimento comum de saúde 76075 e 77080) foi avaliada de 12 meses antes a 6 meses após a solicitação inicial de ADT. As covariáveis incluíram dados demográficos e relacionados ao tumor.
De 54.953 homens com câncer de próstata, apenas 4362 (7,9%) receberam screening com DXA. A taxa de screening com DXA aumentou de 6,8% em 2005 para 8,4% em 2015. Taxas de triagem mais baixas foram associadas a ser solteiro (odds ratio [OR], 0,89; IC 95%, 0,81-0,97; P = 0,01) e negro não hispânico (OR, 0,80; IC 95%, 0,70-0,91; P < 0,001), vivendo em pequenas áreas urbanas (OR, 0,77; IC 95%, 0,66-0,90; P = 0,001) e áreas com menor nível educacional ( OR, 0,75; IC 95%, 0,67-0,83; P <0,001), e recebendo andrógenos não esteroides (OR, 0,57; IC 95%, 0,39-0,84; P = 0,004).
No geral, 9.365 pacientes (17,5%) desenvolveram fraturas após o recebimento inicial de TPA. O tempo médio para a primeira fratura foi de 31 meses (IQR, 15-56 meses). No modelo multivariável com ajuste do escore de propensão, o screening com DXA não foi associada ao risco de fratura em nenhum local (razão de risco [HR], 0,96; IC 95%, 0,89-1,04; P = 0,32) entre homens sem fraturas anteriores antes do recebimento de TPA. No entanto, screening prévio DXA foi associada a um risco reduzido de fraturas maiores (HR, 0,91; IC 95%, 0,83-1,00; P = 0,05) após o ajuste do escore de propensão.
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Conclusão
O estudo sugere que o screening com DXA é importante para a prevenção de fraturas em homens idosos com câncer de próstata. Dessa maneira, a implementação de estratégias é necessária para adotar diretrizes de triagem de saúde óssea na prática clínica.
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