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Ortopedia2 setembro 2021

Quando é seguro realizar uma prótese articular após um episódio de artrite séptica?

Um estudo multicêntrico foi recentemente publicado abordando a segurança de realizar prótese articular após um episódio de artrite séptica.

Por Rafael Erthal

Pacientes submetidos a artroplastias de substituição articular após artrite séptica têm maior risco de desenvolver infecção periprotética. A literatura é muito pobre em estudos disponíveis para orientar os cirurgiões sobre o momento ideal de realizar uma artroplastia em um paciente com história pregressa de infecção articular.

Estudo sobre prótese articular

Um estudo multicêntrico foi recentemente publicado abordando este tema tão relevante. O estudo analisou dados retrospectivos de pacientes submetidos a próteses totais de quadril em joelho entre 2000-2017, cuja etiologia foi relacionada a um quadro documentado e tratado de artrite séptica.

Um total de 207 cirurgias foram realizadas nas cinco instituições participantes (110 quadris e 97 joelhos). As cirurgias foram realizadas em um tempo em 97 pacientes e em dois tempos (cortes ósseos com posicionamento de espaçador e posterior realização da artroplastia) em 110.

Saiba mais: Fraturas do calcâneo após próteses totais do joelho: uma complicação pouco conhecida

Foram registrados dados laboratoriais dos marcadores inflamatórios obtidos na avaliação pré operatória (Velocidade de Hemossedimentação- VHS e Proteína C-Reativa – PCR), registros do tratamento anterior, tempo desde o início da infecção e a artroplastia, e outras variáveis relacionadas aos dados demográficos. Também foi avaliada a história clínica incluindo classificação ASA, uso de álcool ou tabagismo, diabetes e artrite reumatoide. 

A análise estatística incluiu análises bivariadas para identificar a associação entre o tempo de artrite séptica e a cirurgia de artroplastia e o risco de desenvolver infecção. Uma subanálise foi realizada entre os pacientes que se submeteram a cirurgia em um ou dois tempos. Utilizando a conversão dos dados em um modelo gráfico com o uso da análise da curva de característica de operação do receptor (ROC) os achados foram avaliados considerando parâmetros de sensibilidade e especificidade.

A taxa geral de infecção periprotética na amostra foi de 12,1%. O aumento do tempo desde o tratamento da artrite séptica até a artroplastia não foi associado a uma redução na incidência de infecção, seja considerando o tempo como uma variável contínua ou categórica, para ambas as coortes de tratamento cirúrgico (todos p> 0,05). Embora a análise da curva ROC tenha descoberto que o limite ideal para o tempo de TJA desde o tratamento inicial foi de 5,9 meses, não houve diferença na taxa de infecção quando a coorte geral foi dicotomizada por este limite e quando estratificado pela realização da cirurgia em um estágio ou dois estágios. Não houve diferença significativa nos valores séricos de PCR e VHS pré operatório nos casos que apresentaram ou não infecção periprotética pós operatória.

Leia também: Complicações entre as diferentes vias de acesso na artroplastia total do quadril

Considerações

 Os principais achados deste estudo revelam que adiar uma cirurgia devido a história de artrite séptica prévia não reduz o risco de infecção. Também é sugerido que os marcadores séricos apresentam valor limitado na predição de infecção após a realização de artroplastias em pacientes com história de artrite séptica. 

Referência bibliográfica:

  • Tan, Timothy L et al. “When Total Joint Arthroplasty After Septic Arthritis Can Be Safely Performed.” JB & JS open access vol. 6,2 e20.00146. 13 May. 2021. doi10.2106/JBJS.OA.20.00146

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