A artroplastia total do quadril (ATQ) vem sendo cada vez mais realizada em pacientes jovens. Apesar dessa tendência, estudos mostrando as taxas e causas de falha e revisão nesta população em específico, ainda são escassos.
Um estudo recente publicado na revista científica “The Journal of Arthroplasty” em maio de 2025 investiga justamente as causas de revisão neste grupo de pacientes.

O estudo
Trata-se de uma revisão sistemática e metanálise realizada em conjunto por pesquisadores do Reino unido e de Pittsburgh nos Estados Unidos avaliando artigos sobre este tema publicados entre 2014 e 2021 disponíveis nas bases PubMed, CINAHL Plus, EMBASE e SCOPUS. Foram incluídos artigos avaliando pacientes submetidos a ATQ primária com menos de 65 anos independente da causa.
Um total de 574 estudos foram inicialmente selecionados restando 11 deles após a adoção dos critérios de exclusão que incluíam (1) estudos não realizados em humanos; (2) artigos não disponíveis em inglês; (3) revisões ou opiniões de especialistas; (4) amostra com menos de cinco participantes; (5) problemas no registro dos dados; e (6) artroplastias de revisão.
Qual a sobrevida da prótese em pacientes mais jovens?
A amostra incluiu um total de 62.879 artroplastias e revelou uma taxa de revisão de 4,5% com sobrevida de 96% em 5 anos, 92% em 10 anos e 84% em 15 anos. Os índices encontrados indicam que a ATQ em jovens apresenta uma sobrevida elevada e uma baixa taxa de revisão nesta população. Apesar dos achados, os estudos avaliados apresentam grande heterogeneidade, o que pode afetar os resultados encontrados.
E qual a principal causa de falha nessas artroplastias?
Apesar da possibilidade de risco aumentado de falha mecânica devido a maior demanda da população jovem, a principal causa de revisão encontrada foi a falha devido à infecção periprotética que apresentou taxa de 2,8% na amostra estudada. As demais causas apresentaram individualmente taxas inferiores a 1% e incluíram instabilidade, fraturas e afrouxamento asséptico.
Quais as implicações práticas desses achados?
Com os resultados apresentados, a adoção de protocolos para a prevenção e o tratamento de infecção periprotéticas nesta população é essencial e a preocupação com a durabilidade dos implantes e o afrouxamento asséptico do implante deixa talvez de ser a principal preocupação dos cirurgiões e dos pacientes tratados embora estas causas não possam ser esquecidas e informadas no aconselhamento sobre a cirurgia.
Em resumo, esta meta-análise consolida a ATQ como uma opção com boa sobrevida e baixa taxa de revisões para pacientes com menos de 65 anos. Ao mesmo tempo, redefine a infecção periprotética como o grande desafio a ser enfrentado, direcionando esforços contínuos para sua prevenção e manejo.
Autoria

Rafael Erthal
Conteudista do Afya Whitebook desde 2017 ⦁ Residência em Ortopedia e Traumatologia pelo INTO ⦁ Especialista em cirurgia de joelho ⦁ Graduação em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
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