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Ortopedia30 janeiro 2025

O pé torto congênito mielodisplásico pode ser tratado pelo método de Ponseti?

Foi publicado um estudo com o objetivo de mostrar a eficácia, baixa morbidade e taxas de sucesso da técnica de Ponseti no tratamento do pé congênito torto.

A mielomeningocele é uma malformação congênita da medula espinhal causada por um defeito na formação do tubo neural nas primeiras semanas da gravidez. O pé torto congênito (PTC) na mielomeningocele é resultado de uma falha no controle neuromuscular e representa cerca de 40% das deformidades do pé nesse tipo de paciente. 

O tratamento geralmente instituído para o PTC nos pacientes com mielomeningocele é o cirúrgico, visto que devido à ausência de sensibilidade há um maior risco de lesões de partes moles em áreas de contato do gesso. Além disso, os pés desses pacientes costumam ser mais rígidos que os dos pacientes com PTC idiopático. Entretanto, alguns estudos defendem a técnica de Ponseti para o tratamento desta patologia.  

Diante disso, foi publicado na revista “Plos One” um estudo com o objetivo de mostrar a eficácia e baixa morbidade da técnica de Ponseti e suas taxas de sucesso, complicação e recorrência. Foi realizada uma revisão sistemática nas bases de dados Pubmed, Lilacs, Scopus, Web of Science e Embase com buscas em outubro de 2020 e janeiro de 2023. 

Veja mais: Importância do diagnóstico e tratamento precoce no pé torto congênito – Portal Afya

 

O ESTUDO 

Foram incluídos estudos com diagnóstico clínico de mielomeningocele e pé torto congênito, estudos descrevendo o tratamento pelo Método Ponseti, estudos descrevendo procedimento cirúrgico menor associado à tenotomia cirúrgica do calcâneo ou transferência do tibial anterior e estudos com pé torto sem outro tratamento cirúrgico prévio. Foram excluídos estudos descrevendo outras doenças ou síndromes neuromusculares e relatos de caso. 

Assim, oito séries de casos foram identificadas com 101 pacientes, sendo 176 pés. De acordo com as análises, a taxa de sucesso inicial foi de 93% (IC de 95% = 0,88–0,96) com I2 = 0%, e o sucesso final foi de 63% (em 4,9 anos de acompanhamento). A taxa de recorrência foi de 62% (IC de 95% = 50–72) e a taxa de complicação foi de 29% (IC de 95% = 22–38). 

 

CONCLUSÃO 

O estudo sugeriu que o método de Ponseti é efetivo para o tratamento do pé torto congênito de pacientes com mielomeningocele, entretanto há alta taxa de recorrência e complicações decorrentes desse tratamento nesses pacientes.  

Na prática, talvez o tratamento cirúrgico mais precoce seja mantido como boa opção por oferecer menor chance de complicações.  

 

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