Cisto de Baker: quando investigar mais profundamente?
Especialmente em crianças, acredita-se que o cisto de Baker seja um defeito da separação entre a cápsula articular e a Bursa poplítea.
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O cisto de Baker é uma tumoração benigna de alta prevalência na população. Acredita-se que ele seja um fator indicativo de doenças intra-articulares do joelho e, de fato, observou-se sua presença em 25,8% dos pacientes com dores nos joelhos associada a artrose e em aproximadamente 60% dos pacientes com lesões dos meniscos.
Entretanto, ele pode existir sem doenças intra-articulares. Especialmente em crianças, acredita-se que o cisto de Baker seja um defeito da separação entre a cápsula articular e a Bursa poplítea.
O cisto se localiza na região posteromedial, na grande maioria das vezes, próximo à cabeça do gastrocnêmio. É, por princípio, indolor, e determinadas queixas devem chamar a atenção do médico para identificar complicações ou outros diagnósticos. Observe a tabela abaixo:
Tabela 1: apresentação clínica, possíveis diagnósticos e respectivas condutas na avaliação do cisto de Baker
Cenário |
Possível diagnóstico |
Conduta |
Alterações neurológicas |
Compressão do nervo tibial |
RNM, eletroneuromiografia e encaminhamento ao ortopedista se positivo |
Claudicação intermitente |
Compressão vascular (tibial posterior) |
RNM para avaliação diagnóstica, avaliação pelo ortopedista ou vascular para indicar tratamento cirúrgico ou conservador |
Dor posterior com sinais flogísticos |
Inflamação/infecção do cisto de Baker |
Avaliação com exames séricos e punção de alívio e diagnóstica; antibioticoterapia, se indicado |
Dor na perna associada a equimose |
Rompimento do cisto de Baker/ Lesão da cabeça do gastrocnêmio |
Confirmação ultrassonográfica Rompimento do cisto = tratamento conservador Lesão do gastrocnêmio = avaliação ortopédica |
Dor na perna associada a sensação de líquido escorrendo |
Rompimento do cisto de Baker |
Confirmação ultrassonográfica e tratamento conservador |
Dor e edema no joelho associados a trauma |
Necessário excluir lesão ligamentar e meniscal |
Avaliação clínica + RNM. Se lesão, avaliação ortopédica. |
Dor posterior protocinética/ao subir e descer escadas |
Necessário excluir osteoartrose do joelho e condromalácia patelar |
Avaliação clínica + radiografia e RNM se suspeita de condromalácia. Tratamento conservador na maioria das vezes. |
Dor + aumento progressivo de volume |
Obrigatório excluir tumoração |
Radiografia e RNM para complementação diagnóstica. Tumor gigantocelular de bainha tendínea é um diagnóstico diferencial. |
Na maioria das vezes o tratamento do cisto de Baker será conservador.
O tratamento conservador é composto de analgesia, anti-inflamatórios, alongamento e fortalecimento muscular. Há relatos de boa resposta ao tratamento conservador inclusive em casos de compressão vascular, sendo possível tentá-lo antes de indicar a ressecção.
Quando sintomático e refratário, a ressecção cirúrgica é uma boa opção. A literatura tem indicado que a ressecção artroscópica apresenta melhores resultados, com recuperação melhor da ferida operatória, melhora da dor e menor recorrência do cisto (aproximadamente 4% na ressecção artroscópica e 40% na aberta) em relação à ressecção aberta ou combinada.
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