Logotipo Afya
Anúncio
Ortopedia25 fevereiro 2025

Chances de sucesso após a falha do tratamento de uma infecção de prótese do joelho

Estudo analisou as complexidades do tratamento da infecção periprotética do joelho em pacientes que precisaram de uma segunda ou até terceira troca em dois estágio
Por Rafael Erthal

A infecção periprotética do joelho (PJI) é um dos maiores desafios enfrentados por ortopedistas. Seu tratamento tem como padrão ouro um protocolo em dois tempos incluindo uma primeira cirurgia com retirada da prótese infectada, debridamento e colocação de um espaçador articular impregnado de antibióticos seguido do uso de antibioticoterapia e um posterior segundo tempo cirúrgico com reimplante de uma nova prótese. Embora o protocolo de troca em dois tempos seja amplamente reconhecido como o padrão-ouro no tratamento dessas infecções crônicas, a taxa de sucesso varia consideravelmente.  

Existem dúvidas quanto às taxas de sucesso ao se repetir esta estratégia em pacientes que tiveram falha cirúrgica após o protocolo. 

Um estudo recente teve por objetivo analisar as complexidades do tratamento de PJI em pacientes que precisaram de uma segunda ou até terceira troca em dois estágios, revelando resultados impactantes.  

Saiba mais: Próteses de joelho em pacientes com história anterior de artrite séptica falham mais?

prótese de joelho

Metodologia e resultados 

Dos 114 pacientes estudados, apenas 65,8% chegaram à reimplantação após o segundo estágio, e mais de 44% precisaram de novas revisões por reinfecção. A taxa de sobrevivência livre de infecção, que era de 89% após o primeiro procedimento, caiu para 65% no segundo e desabou para 25% em tentativas subsequentes. 

Esses números destacam os fatores que contribuem para o insucesso. Pacientes com infecções persistentes, presença de microrganismos resistentes ou comorbidades graves apresentaram maior risco de reinfecção e menor probabilidade de alcançar a reimplantação. 

Por que as taxas caem tão drasticamente? 

O estudo aponta que a presença de infecções persistentes por microrganismos identificados na cirurgia inicial é um dos principais vilões. Além disso, pacientes submetidos a múltiplas trocas de espaçadores (para tratar infecções ou ajustar a sensibilidade a antibióticos) apresentaram riscos significativamente maiores. Esses resultados refletem o impacto cumulativo das cirurgias no estado geral do paciente e na biologia da articulação infectada. 

Outra descoberta importante é o papel das decisões clínicas individualizadas. Muitos pacientes não seguiram para a reimplantação por razões estratégicas, como comorbidades avançadas ou baixa demanda funcional, levando à escolha por artroplastia definitiva de ressecção ou outras intervenções paliativas. Aqui, o conceito de “sucesso” não se limita à erradicação da infecção, mas envolve qualidade de vida e metas personalizadas. 

O papel do diálogo médico-paciente 

Um dos aprendizados mais valiosos deste estudo é a necessidade de alinhamento de expectativas. O paciente e sua família devem entender que o sucesso de uma revisão em dois estágios, especialmente após falhas anteriores, é significativamente menor do que na cirurgia inicial. Isso reforça a importância de uma comunicação clara sobre riscos, alternativas e prognósticos realistas. 

Leia também: Uso de vancomicina intraóssea para a redução das infeções após próteses de joelho

E agora? 

Embora os dados sejam preocupantes, eles também oferecem direções para melhorias. Por exemplo, a identificação precoce de pacientes de alto risco pode permitir estratégias mais personalizadas, como o uso de protocolos mais agressivos de antibioticoterapia ou abordagens cirúrgicas alternativas. 

Além disso, a necessidade de estudos adicionais é evidente, principalmente sobre o papel de terapias inovadoras e o impacto de novos materiais em espaçadores e implantes na redução de infecções. 

 

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Ortopedia