Artroscopia para OAJ avançada evidências e limitações do tratamento

A osteoartrite do joelho (OAJ) é uma das principais causas de dor e incapacidade em adultos, afetando cerca de um terço da população em países como os Estados Unidos.  

Quando os sintomas se mantêm mesmo após a realização do tratamento conservador, incluindo fisioterapia e medicamentos o tratamento cirúrgico é considerado.  

A artroplastia total do joelho (ATJ) é a cirurgia indicada como tratamento em pacientes com OAJ moderada e severa refratária ao tratamento conservador, no entanto alguns pacientes não são bons candidatos a esaa cirurgia, ou, apesar de serem elegíveis, não desejam a realizar devido aos riscos envolvidos e ao porte do procedimento. Nesse contexto estudos investigam o benefício da artroscopia nesse perfil de pacientes. 

Métodos 

Uma revisão sistemática foi recentemente publicada na revista científica “The Journal of Bone and Joint Surgery- Reviews” avaliando os desfechos clínicos de procedimentos artroscópicos incluindo debridamento, lavagem e realização de microfraturas em pacientes com osteoartrite do joelho de graus 3 e 4 segundo Kellgren-Lawrence. A análise incluiu 9 estudos que analisaram 410 joelhos, considerando melhorias na dor, na funcionalidade e as taxas de conversão para ATJ. 

Resultados 

Os procedimentos artroscópicos demonstraram eficácia no alívio dos sintomas a curto e longo prazo. Em pacientes com OAJ grau 3, observou-se uma melhora de 18,8% a 53,1% no acompanhamento de até três anos e de 50% aos 10 anos. Para aqueles com acometimento grau 4, a melhora variou de 15% a 41,3% no curto prazo e chegou a 46,9% a longo prazo. O desbridamento artroscópico e a microfratura resultaram em uma melhora de 1,6% a 50,8% no acompanhamento de curto prazo em joelhos com osteoartrite grau 3. Nenhum estudo incluiu desfechos de longo prazo ou avaliou joelhos com osteoartrite grau 4 com este tratamento. 

Mensagem prática 

As taxas de conversão para ATJ variaram de acordo com a gravidade da OAJ. Aos 10 anos, 47,4% dos pacientes com grau 3 e 76,5% dos pacientes com grau 4 necessitaram do procedimento. Esses resultados indicam que a artroscopia pode adiar a necessidade de ATJ, especialmente em indivíduos com OAJ grau 3. 

A artroscopia oferece vantagens importantes, como menor risco de infecção, recuperação mais rápida e menores custos, o que a torna atrativa para pacientes jovens ou com contraindicações à ATJ. Contudo, o procedimento deve ser realizado com expectativas claras. Apesar dos benefícios observados, as melhorias são, em geral, parciais e mais relevantes para o alívio de sintomas mecânicos, como corpos livres articulares e lesões meniscais associadas.  

Além disso, é fundamental considerar o perfil do paciente. Fatores como obesidade, alinhamento do membro inferior e comorbidades podem impactar diretamente nos resultados. Estratégias complementares, como perda de peso e otimização muscular, devem ser integradas ao manejo da OAJ para maximizar os benefícios da artroscopia. 

Embora não substitua a ATJ em casos avançados, a artroscopia se apresenta como uma ferramenta útil para pacientes selecionados com OAK grau 3 ou 4. Mais estudos com acompanhamento prolongado são necessários para compreender melhor o impacto da técnica a longo prazo nessa população.