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Ortopedia26 julho 2025

Artroplastia do joelho em pacientes jovens: por que falha mais?

Pacientes jovens têm maior risco de falha na revisão do joelho. Entenda causas, dados e implicações clínicas do estudo do AJRR.
Por Rafael Erthal

A Artroplastia total de joelho já não é mais realizada exclusivamente em idosos. Cada vez mais pacientes com menos de 65 anos chegam aos consultórios com desgaste articular avançado e indicação cirúrgica. E, como era de se esperar, o número de revisões também cresce nessa faixa etária. Mas o que talvez surpreenda é que as falhas após artroplastias de revisão parecem acontecer mais entre os mais “jovens. Por quê? 

Um estudo publicado no “The Journal of Arthroplasty” explorou essa questão em profundidade. 

joelho

Métodos 

O estudo analisou quase 77 mil artroplastias de revisão de joelho realizadas por causas assépticas, com dados do American Joint Replacement Registry (AJRR).  

Discussão e Resultados 

Os resultados levantam um alerta importante: pacientes com menos de 65 anos apresentaram uma taxa de re-revisão significativamente maior (8,1%) do que os com mais de 65 anos (5,4%). 

Mais do que isso: a sobrevida do implante em 10 anos foi de 90,2% nos jovens, contra 93,7% nos mais velhos. E o dado mais preocupante? A cada 5 anos a menos de idade, o risco de re-revisão aumentou em 10%. Ou seja, quanto mais jovem o paciente, maior a chance de uma nova falha — mesmo em cirurgias feitas fora do contexto infeccioso. 

Por que isso acontece? A explicação ainda não é totalmente clara, mas há hipóteses bem fundamentadas. Entre elas, o nível de atividade física mais elevado entre pacientes jovens, que submete o implante a maior estresse mecânico e acelera o desgaste, além de um perfil anatômico ou histórico cirúrgico prévio (como osteotomias ou fraturas tratadas cirurgicamente) que podem dificultar a técnica ou comprometer a fixação. 

Outro dado que chama atenção é o impacto do sexo masculino, associado a um aumento de 42% no risco de re-revisão. O índice de massa corporal (IMC) elevado também apareceu como fator de risco para falhas, especialmente por infecção e instabilidade. Curiosamente, o índice de Charlson, que representa a carga de comorbidades, foi menor nos pacientes jovens — mas isso não impediu que falhas acontecessem com maior frequência. 

A principal causa de re-revisão em ambos os grupos foi a infecção, o que reforça o papel da qualidade dos tecidos, do tempo cirúrgico prolongado e do histórico de cirurgias prévias no risco infeccioso. Reoperações por instabilidade também foram mais comuns nos pacientes que já tinham sido revisados por esse motivo, o que destaca o desafio de tratar esse tipo específico de falha. 

O que podemos levar para casa? 

Os achados desse estudo sugerem que pacientes mais jovens podem exigir mais vigilância, mais cuidado na escolha do implante e uma abordagem cirúrgica ainda mais rigorosa do que os demais.  

Em um cenário onde a expectativa de vida e a demanda funcional seguem aumentando, entender o impacto da idade sobre os resultados da artroplastia de revisão é essencial. E, talvez, conversar com o paciente jovem desde o início sobre expectativas reais de durabilidade seja tão importante quanto a técnica em si.

Veja também: Artroplastia do Joelho Primária Navegada: você sabe o que é?

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Referências bibliográficas

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