A Artroplastia total de joelho já não é mais realizada exclusivamente em idosos. Cada vez mais pacientes com menos de 65 anos chegam aos consultórios com desgaste articular avançado e indicação cirúrgica. E, como era de se esperar, o número de revisões também cresce nessa faixa etária. Mas o que talvez surpreenda é que as falhas após artroplastias de revisão parecem acontecer mais entre os mais “jovens. Por quê?
Um estudo publicado no “The Journal of Arthroplasty” explorou essa questão em profundidade.
Métodos
O estudo analisou quase 77 mil artroplastias de revisão de joelho realizadas por causas assépticas, com dados do American Joint Replacement Registry (AJRR).
Discussão e Resultados
Os resultados levantam um alerta importante: pacientes com menos de 65 anos apresentaram uma taxa de re-revisão significativamente maior (8,1%) do que os com mais de 65 anos (5,4%).
Mais do que isso: a sobrevida do implante em 10 anos foi de 90,2% nos jovens, contra 93,7% nos mais velhos. E o dado mais preocupante? A cada 5 anos a menos de idade, o risco de re-revisão aumentou em 10%. Ou seja, quanto mais jovem o paciente, maior a chance de uma nova falha — mesmo em cirurgias feitas fora do contexto infeccioso.
Por que isso acontece? A explicação ainda não é totalmente clara, mas há hipóteses bem fundamentadas. Entre elas, o nível de atividade física mais elevado entre pacientes jovens, que submete o implante a maior estresse mecânico e acelera o desgaste, além de um perfil anatômico ou histórico cirúrgico prévio (como osteotomias ou fraturas tratadas cirurgicamente) que podem dificultar a técnica ou comprometer a fixação.
Outro dado que chama atenção é o impacto do sexo masculino, associado a um aumento de 42% no risco de re-revisão. O índice de massa corporal (IMC) elevado também apareceu como fator de risco para falhas, especialmente por infecção e instabilidade. Curiosamente, o índice de Charlson, que representa a carga de comorbidades, foi menor nos pacientes jovens — mas isso não impediu que falhas acontecessem com maior frequência.
A principal causa de re-revisão em ambos os grupos foi a infecção, o que reforça o papel da qualidade dos tecidos, do tempo cirúrgico prolongado e do histórico de cirurgias prévias no risco infeccioso. Reoperações por instabilidade também foram mais comuns nos pacientes que já tinham sido revisados por esse motivo, o que destaca o desafio de tratar esse tipo específico de falha.
O que podemos levar para casa?
Os achados desse estudo sugerem que pacientes mais jovens podem exigir mais vigilância, mais cuidado na escolha do implante e uma abordagem cirúrgica ainda mais rigorosa do que os demais.
Em um cenário onde a expectativa de vida e a demanda funcional seguem aumentando, entender o impacto da idade sobre os resultados da artroplastia de revisão é essencial. E, talvez, conversar com o paciente jovem desde o início sobre expectativas reais de durabilidade seja tão importante quanto a técnica em si.
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