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Ortopedia22 julho 2025

Artrite séptica pós-LCA: papel da irrigação e debridamento

Irrigação e debridamento tratam infecção pós-LCA com alta taxa de retenção do enxerto; prevenção segue sendo essencial.

A reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho é um procedimento muito comum e tem crescido com o aumento da prática esportiva. Na grande maioria das vezes a cirurgia gera bons resultados sem grandes complicações. Entretanto, quando acontece, a infecção articular pós reconstrução do LCA pode gerar resultados catastróficos, principalmente em atletas que dependem da rápida recuperação para seguirem com seu trabalho. 

A incidência de infecção é de menos de 1% e requer diagnóstico precoce e tratamento agressivo com irrigação e debridamento. Ultimamente tem se preconizado a retenção do enxerto evitando a necessidade de um novo procedimento.  

Diante disso, foi publicado recentemente na revista “Acta Orthopaedica et Traumatologica Turcica” um estudo com o objetivo de fornecer uma revisão abrangente do tratamento de artrite séptica após reconstrução de LCA por meio de irrigação e desbridamento. 

Metodologia 

O estudo foi uma revisão sistemática das bases de dados PubMed, Cochrane, ProQuest e ScienceDirect até julho de 2024. Foram incluídos  pacientes que desenvolveram artrite séptica após reconstrução do LCA e foram submetidos a irrigação artroscópica e debridamento.  

Os desfechos estudados foram a taxa de retenção do enxerto, resultado funcional no Lysholm Knee Score, pontuação do International Knee Documentation Committee (IKDC) e Escala de Atividade de Tegner (TAS) e dados de microbiologia. Foram excluídos estudos em outras línguas que não a inglesa, com menos de 5 pacientes, artigos de revisão, pesquisas biomecânicas, estudos com cadáveres, ensaios com animais, relatos de casos, editoriais, revisões, diretrizes e resumos de conferências. 

Resultados 

Foram analisados ​​20 estudos envolvendo 333 pacientes, com períodos de acompanhamento variando de 18 dias a 67 meses. A taxa combinada de retenção do enxerto foi de 92% (IC 95% [88-94%]), confirmada por meta-análise proporcional com baixa heterogeneidade (I² = 0%, P = 2,0948). Os desfechos funcionais do joelho apresentaram pontuações médias combinadas de 82,41 para Lysholm (IC 95% [78,15-86,66], I² = 87,3%-92,7%), 79,37 para IKDC (IC 95% [74,00-84,75], I² = 68,3%-82,2%) e 5,08 para TAS (IC 95% [4,87-5,30], I² = 0%-52,6%), indicando recuperação moderada a satisfatória. 

Staphylococcus coagulase-negativo (42,34%) e Staphylococcus aureus (23,12%) foram os patógenos mais frequentemente isolados, com 9,91% dos casos envolvendo cepas resistentes a antibióticos, incluindo MRSA (4,50%) e MR-CNS (5,41%). Cefalosporina ou vancomicina foram os antibióticos de primeira linha mais comumente administrados, frequentemente combinados com outros agentes. 

Mensagem prática 

O estudo conclui que o tratamento com irrigação e debridamento artroscópicos combinados com antibioticoterapia são eficazes nos casos de infecção pós reconstrução de LCA e na grande maioria das vezes (92%) permitem a retenção do enxerto. Na prática, vale destacar que as medidas de prevenção ainda são as mais eficazes para evitar o quadro e que o simples fato de ter que tratar uma infecção desse porte em um atleta pode acarretar uma perda irreparável de oportunidades em sua carreira. 

Confira também: Infecções graves em pacientes com artrite reumatoide e artrite psoriásica

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Referências bibliográficas

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