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Ortopedia2 junho 2025

Adesiólise artroscópica é uma boa opção para pacientes idosos com ombro congelado?

Estudo explorou a eficácia e os fatores de risco associados à adesiólise artroscópica no tratamento de pacientes idosos com ombro congelado pós-traumático

O ombro congelado pós-traumático é desenvolvido quando após a lesão ou imobilização prolongada há distúrbio circulatório, inflamação crônica e alterações degenerativas em tecidos moles ao redor dessa articulação. Dessa maneira, desenvolve-se uma fibrose desses tecidos, com aderências levando à redução de mobilidade articular e dor. Em pacientes idosos, o quadro costuma ser agravado devido ao declínio físico e processos degenerativos naturais. 

Os tratamentos atuais utilizados para o tratamento do ombro congelado em idosos incluem manipulação articular, injeções intra-articulares de esteroides e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), além de intervenções cirúrgicas como liberação capsular artroscópica e liberação cirúrgica aberta em pacientes que não respondem bem a tratamentos conservadores.  

Há pouca informação na literatura sobre as técnicas de adesiólise artroscópica nesses casos e, diante disso, foi publicado recentemente no “Journal of Orthopaedic Surgery and Research” um estudo com o objetivo de explorar a eficácia e os fatores de risco associados à essa técnica no tratamento de pacientes idosos com ombro congelado pós-traumático.

Adesiólise artroscópica

Metodologia 

O estudo foi um ensaio clínico randomizado com 102 pacientes idosos recrutados em um hospital de Wuhan (China) entre fevereiro de 2021 e março de 2023. Todos os pacientes após a admissão foram divididos aleatoriamente em 51 casos em cada grupo pelo método de tabela de números aleatórios. No grupo controle, os pacientes receberam tratamento combinado de fisioterapia e manipulação articular. O grupo intervenção foi submetido à adesiólise artroscópica do ombro e depois tratamento com fisioterapia. 

Foram incluídos pacientes com histórico de trauma no ombro, como fraturas ou rupturas de ligamentos; presença de ≥ 1 ponto sensível fixo no ombro, dor contínua e pontuação EVA ≥ 4; idade variando de 60 a 80 anos, com duração dos sintomas de 0,1 a 6 meses, histórico significativo de trauma e histórico concomitante de imobilização local; pacientes apresentando amplitude de movimento limitada como o principal sintoma clínico, possivelmente acompanhados de atrofia muscular na região do ombro e função cognitiva normal.  

Pacientes com doenças clínicas graves, evidência de infecção ou grande edema ou luxações foram excluídos. 

Resultados 

O tempo de operação e a perda sanguínea intraoperatória do grupo intervenção foram (54,98 ± 5,94) min e (53,28 ± 4,93) ml, respectivamente. As pontuações da Escala Visual Analógica (EVA) (0,87 ± 0,12, P = 0,021), Intensidade da Dor Presente (IPP) (0,76 ± 0,07, P = 0,016) e Índice de Classificação da Dor (PRI) (5,32 ± 0,32, P < 0,001) foram menores no grupo intervenção do que no grupo controle em 3 meses após o tratamento.  

Além disso, nenhuma diferença significativa foi observada em termos de alívio da dor, atividades de vida diária, função da articulação do ombro e força muscular entre os 2 grupos antes do tratamento. No entanto, em 3 meses após o tratamento, o grupo intervenção demonstrou melhores resultados nessas dimensões em comparação ao grupo controle (todos P ≤ 0,021), com mobilidade da articulação do ombro notavelmente melhorada (todos P < 0,001). 

O que podemos levar para casa? 

O estudo concluiu que adesiólise artroscópica exerce resultados benéficos para pacientes idosos com ombro congelado pós-traumático. É importante salientar que estamos tratando de pacientes idosos e muitas vezes na prática encontramos impedimentos clínicos a um procedimento cirúrgico. Entretanto, quando bem indicada em um paciente elegível, a técnica parece levar a bons resultados no que diz respeito à melhora da dor e função. 

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Referências bibliográficas

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