As cirurgias com anestesia tipo WALANT (Wide-awake local anestesia no-tourniquet) são uma excelente alternativa aos bloqueios regionais (como o infraclavicular) para procedimentos no membro superior. Foi inicialmente utilizada em procedimentos pequenos de partes moles na mão como no tratamento de síndrome do túnel do carpo e dedo em gatilho, porém recentemente seu uso vem sendo expandido para procedimentos maiores como fraturas de radio ou metacarpos.
A técnica WALANT ganhou popularidade nos últimos 20 anos e estudos provaram que o uso da epinefrina é seguro nas anestesias de extremidades. Embora o bloqueio regional infraclavicular ofereça analgesia superior em muitos casos, ele requer equipamento e experiência especializados, além de apresentar riscos como lesão nervosa, toxicidade sistêmica por anestésico local ou punção vascular.
O WALANT, por outro lado, é simples, econômico e ideal para ambientes com recursos limitados, mas pode não ser adequado para todos os pacientes ou procedimentos, particularmente aqueles que envolvem incisões proximais ou durações operatórias mais longas.
Diante disso, foi publicado recentemente na revista “Medicine” um estudo com o objetivo de comparar as técnicas de bloqueio infraclavicular e WALANT no contexto da cirurgia de mão e membros superiores. O estudo foi prospectivo, randomizado e realizado em um único centro especializado entre maio de 2022 e maio de 2023.
Metodologia
Pacientes com idades entre 18 e 70 anos, com classificação ASA I a III, planejados para cirurgia com duração entre 20 e 60 minutos foram incluídos no estudo. Os critérios de exclusão foram pacientes com classificação ASA > III, pacientes de cirurgia bilateral, pacientes com infecção local, pacientes com distúrbio neurológico afetando a mesma extremidade superior, pacientes com histórico de alergia a anestésicos locais, pacientes com histórico de uso de opioides no último mês e pacientes que não conseguiram compreender o estudo e fornecer respostas adequadas às perguntas.
Os pacientes foram randomizados em 2 grupos sendo o 1 bloqueio infraclavicular e 2 WALANT. Os níveis de dor dos pacientes antes, durante e após a cirurgia foram questionados e registrados de acordo com a escala visual analógica (EVA). Seus níveis de satisfação foram avaliados pela escala Likert. Foram avaliados a duração da administração da anestesia, o início do efeito da anestesia, a necessidade de analgésicos adicionais no intraoperatório, a duração total do efeito da anestesia, a necessidade de analgésicos no pós-operatório, o tempo de internação hospitalar, a duração total da cirurgia, os custos de hospitalização (obtidos por meio do cálculo dos custos do serviço nos registros hospitalares) e as complicações.
Resultados
O bloqueio infraclavicular foi aplicado em 28 (50,9%), enquanto o WALANT foi aplicado em 27 (49,1%) dos pacientes. O tempo médio de aplicação da anestesia e a duração da internação hospitalar pós-operatória no Grupo 1 foram significativamente maiores do que no Grupo 2. Os níveis de satisfação e os escores EVA foram estatisticamente semelhantes em ambos os grupos. A duração média da aplicação da anestesia e a duração total da anestesia foram significativamente menores no grupo 2. Foi determinado que há um custo significativamente menor no grupo 2.
O que podemos levar para casa?
O estudo obteve como conclusão que a técnica de anestesia WALANT pode ser uma alternativa ao bloqueio de plexo braquial em cirurgias de mão devido à sua rápida aplicação, tempo de início, pontuação EVA e satisfação do paciente semelhantes, além de baixo custo. Na prática, é um procedimento cada vez mais utilizada no nosso meio e ganhando mais espaço pela sua segurança e facilidade técnica.
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