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Oncologia21 outubro 2019

Vacinas e câncer de mama e ovário: o que precisamos saber

Foi divulgado na mídia informações sobre uma vacina contra recorrência de câncer de mama e ovário. Pesquisamos o assunto no clinicaltrials.gov.

Por Gilberto Amorim

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Recentemente, foram divulgadas na mídia informações sobre uma vacina que pode interromper a recorrência de câncer de mama e ovário. Pesquisamos o assunto no clinicaltrials.gov, o maior site sobre pesquisa clínica do mundo, e encontramos cerca de 200 estudos finalizados ou em andamento cruzando “breast cancer” e “vaccines”; a maioria com um número mínimo de pacientes.

Estudos que de fato estão em andamento são cerca de 50, mas nenhum está em fase III, 14 estão na fase II e muitos ainda se encontram na fase I. Importante ressaltar que não há nenhuma vacina aprovada para o câncer de mama – ou em vias de ser aprovada.

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vacina contra a recorrencia de cancer de mama e ovario

Vacina e câncer de mama

Temos que aguardar os estudos. É “honesto” especular – mas um pouco futurista ainda – que em 8 anos possamos ter vacinas já aprovadas e comercializadas contra o câncer de mama triplo negativo ou HER2. Mas temos de ser responsáveis na divulgação das informações para não criar expectativas fora da realidade.

Está na mesma linha da “CART-Cell Therapy”, terapia celular inovadora apresentada semana passada para um caso de linfoma refratário. É muito bom que uma universidade brasileira tenha material humano para desenvolver essa linha de pesquisa tão sofisticada, e a um custo muito menor que os “bizarros” 478 mil dólares americanos da que foi aprovada pelo FDA, mas essa estratégia de tratamento requer muito mais testes, muita qualificação dos centros de tratamentos (UTIs, inclusive), maior número de pacientes não só em linfomas e leucemias refratários, mas quem sabe no futuro em tumores sólidos, como câncer de mama e tantos outros tipos. A história do paciente é fantástica, e esperamos que seja reproduzida em muitos outros casos.

Essa reportagens são importantes, mas acabam causando ansiedade e, por vezes, desespero em quem está muito doente (ou em quem tem um ente querido muito doente). Em vez de gerar uma boa expectativa para o futuro, gera tumulto e confusão no presente. Estamos de olho e esperançosos de que muitos avanços virão.

Informação (ou a desinformação) é um instrumento muito poderoso, temos que usar com muito cuidado.

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Referências bibliográficas:

Autoria

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Gilberto Amorim

Formado em 1992 na UFRJ • Residência Médica em Clínica Médica no HUCFF – UFRJ • Residência em Oncologia Clínica no INCA • Oncologista do INCA de 01/1998 até 04/2008 –Chefe do Serviço do HCIII de 11/1999 até 05/2001 e de 12/2003 até 12/2005 • Membro Titular da SBOC desde 1996 • Membro titular da “ASCO” desde 2001 e da “ESMO desde 2016 • Sócio Honorário da Sociedade Brasileira de Mastologia desde 2009 • Oncologista e Coordenador Nacional de Oncologia Mamária da “Oncologia D’Or”, desde 05/2011 • Membro voluntário do Comitê Científico da FEMAMA, do INSTITUTO ONCOGUIA e da Fundação Laço Rosa

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