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Oncologia14 março 2025

O tratamento neoadjuvante com endocrinoterapia no câncer de mama

Estudo teve como objetivo avaliar os resultados cirúrgicos associados ao uso de endocrinoterapia neoadjuvante em pacientes com câncer de mama
Por Flavia Paes

O tratamento neoadjuvante, do câncer de mama, envolve a administração de tratamentos sistêmicos antes da cirurgia. Mostra-se promissor na redução do tamanho do câncer e na recorrência da doença. Os principais objetivos são avaliar a resposta ao tratamento e reduzir as taxas de mastectomias das cirurgias, oferecendo modalidades menos invasivas e conservadoras. Tudo isso está associado a melhora da qualidade de vida, garantindo os resultados de eficácia. Essa estratégia é particularmente relevante para os tumores luminais, receptores hormonais positivos e HER 2 negativo, nos quais as terapias endócrinas desempenham um papel crucial nesse cenário. Esse artigo é uma revisão sistemática e meta análise que apresenta uma análise abrangente sobre os efeitos do tratamento endócrino neoadjuvante em pacientes pós menopausa, com câncer de mama em estágios iniciais. O estudo tem como objetivo avaliar os resultados cirúrgicos associados ao uso de endocrinoterapia neoadjuvante.  

Métodos 

A seleção dos estudos incluiu apenas aqueles que forneceram dados disponíveis sobre resultados cirúrgicos, como taxas de resposta patológica completa, margens cirúrgicas e complicações cirúrgicas. A análise levou em consideração os diferentes tipos de agentes endócrinos utilizados, o perfil dos pacientes e as características dos tumores. Foram 8 estudos randomizados de braço único, 10 coortes prospectivas de braço único, uma coorte de dois braços e uma coorte retrospectiva de dois braços.  

Resultados 

Os resultados mostram que a terapia endócrina neoadjuvante como um todo, reduziu em 47% as taxas de mastectomia. A análise estratificada por tipo de estudo mostrou resultados similares entre os RCTs e os estudos de coorte. A terapia endócrina neoadjuvante mostrou-se eficaz em induzir uma resposta significativa, com uma porcentagem considerável de pacientes apresentando uma resposta patológica completa ou quase completa. Além disso, essa abordagem pode resultar em margens cirúrgicas favoráveis, reduzindo a necessidade de procedimentos cirúrgicos mais extensos, como mastectomias, e aumentando as taxas de preservação da mama. 

Outra observação importante foi a análise das complicações associadas à cirurgia após tratamento neoadjuvante. Os dados indicaram que não houve um aumento significativo nas complicações cirúrgicas, sugerindo que a abordagem neoadjuvante com terapias endócrinas é segura e bem tolerada.  

A importância de personalizar o tratamento, considerando o perfil hormonal do tumor e a condição clínica das pacientes é essencial. A individualização das decisões pode otimizar os resultados e a qualidade de vida das pacientes com câncer de mama em estágios iniciais. 

Em conclusão, a meta-análise realizada por Brett et al. fornece evidências encorajadoras sobre os resultados cirúrgicos pós-tratamento endócrino neoadjuvante em câncer de mama.  

Conclusão e mensagem prática 

Os guidelines da ASCO e NICE recomendam a terapia endócrina neoadjuvante para pacientes pós menopausa, com tumores luminais sem indicação para tratamento quimioterápico com altas taxas de resposta patológica e segurança na cirurgia. Os resultados reforçam a necessidade de individualização do tratamento do câncer de mama, e decisões baseadas em discussões multidisciplinares, envolvendo oncologistas clínicos e mastologistas. A principal crítica ao trabalho é a heterogeneidade dos estudos incluídos e a maioria deles não descreve detalhes de como a decisão cirúrgica foi tomada. A mensagem principal é a relevância dessa estratégia de tratamento, que mantém a eficácia dos resultados e oferece a oportunidade de menos morbidade aos pacientes pós menopausa com câncer de mama inicial. 

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Referências bibliográficas

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