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Oftalmologia10 junho 2025

Tratamento não cirúrgico para exotropia intermitente

Lentes negativas se mostram eficazes no controle da exotropia intermitente, mas uso prolongado exige acompanhamento especializado.

A exotropia intermitente [X(T)] é hoje o estrabismo mais prevalente. O seu tratamento é considerado quando os olhos estão mais tempo desalinhados que alinhados (menor ou igual a 50% do tempo em vigília). A persistência do desvio em crianças pode resultar em supressão da imagem e piora da visão binocular. 

Seu tratamento pode ser ou não cirúrgico. Nos casos de pacientes mais jovens, não colaborativos ao exame clínico, com pequeno ângulo de desvio ou com bom controle optamos por não realizar cirurgia. Os objetivos são o controle do exodesvio, pela redução da supressão, ao perceber a diplopia no momento, quando os olhos não estão alinhados e desenvolvendo a reserva de fusão (controle motor ocular). 

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Exotropia intermitente

Métodos 

Os ensaios clínicos randomizados que foram selecionados incluíram pacientes diagnosticados com [X(T)]. Os exercícios ortópticos de convergência, a oclusão anti supressiva, o uso de lentes negativas, lentes com filtros ou prismas e o treinamento de visão binocular foram as alternativas de tratamento avaliadas. Os resultados obtidos foram as mudanças no controle de [X(T)] na fixação de longe e de perto, mudanças no ângulo de desvio e a estereopsia, testada sempre para perto. 

Resultados  

Dentre os estudos analisados (nove), a utilização de lentes negativas foi identificada como o tratamento não cirúrgico mais eficiente, alcançando melhor controle do desvio para longe e perto e mudanças no ângulo de desvio para longe. A seguir, o treinamento de visão binocular e a oclusão anti supressiva também foram relevantes nesses parâmetros. Em relação às mudanças no controle de perto, as lentes negativas foram o destaque. Para a melhora na estereopsia, o uso de prismas de base nasal tiveram o melhor desempenho. 

Discussão  

O uso de lentes negativas no estudo foi a única intervenção que demonstrou diferenças estatisticamente significativas em comparação com o grupo controle, enquanto a terapia binocular e a oclusão anti supressiva ocuparam o segundo e terceiro lugar, respectivamente, com os prismas ficando em último. 

A ação das lentes negativas seria o estímulo à convergência acomodativa, ajudando a reduzir o exodesvio. Além de aumentar a convergência fusional, o que resulta em maior controle motor. 

Devemos considerar dois pontos quando propomos este tratamento. Primeiro, o desvio desses pacientes piora após a suspensão do uso dessas lentes. Outra questão é que esse tratamento também está associado à indução de miopia. Portanto, são preocupações que devem ser discutidas com os pais ao considerar o uso. 

Quanto à oclusão antissupressiva não houve benefícios na melhora do controle e na redução do ângulo do desvio. A sua eficácia parece limitada, e é necessária uma investigação mais aprofundada para determinar se aumentar a dose e/ou a duração da oclusão pode aumentar sua eficácia. Nessa avaliação, sugere-se que o prisma base nasal não melhora a capacidade de controle e também não é capaz de reduzir o ângulo do exodesvio em comparação com o grupo controle. 

Pesquisas adicionais devem ser conduzidas para investigar o poder ideal de lentes esféricas, potência de prisma e estratégias de oclusão. Além disso, é essencial determinar se os benefícios dos tratamentos não cirúrgicos são mantidos após a cessação do tratamento e explorar as vantagens potenciais da combinação de intervenções não cirúrgicas. 

Mensagem prática 

A exotropia intermitente é hoje o desvio mais comum em consultórios oftalmológicos. Assim, traçar estratégias terapêuticas não cirúrgicas para o seu controle garante melhor compensação e prognóstico.  

As lentes negativas demonstraram ser eficazes nesse controle, porém diante da possibilidade de promover o aumento da miopia, devem ser usadas com parcimônia e de preferência por um especialista na área de estrabismo. 

 

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Referências bibliográficas

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