Síndrome de Vogt – Koyanagi – Harada
A Síndrome de Vogt – Koyanagi – Harada (SVKH) é uma doença sistêmica granulomatosa que tem como alvo, órgãos e tecidos ricos em melanócitos.
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A Síndrome de Vogt – Koyanagi – Harada (SVKH) é uma doença sistêmica granulomatosa que tem como alvo, órgãos e tecidos ricos em melanócitos, tais como olho, ouvido interno, meninges, pele e cabelos. A patogenicidade tem sido atribuída a alterações imunológicas dirigidas aos melanócitos, e que envolve citotoxicidade mediada por células T e apoptose. Também conhecida como síndrome úveomeningoencefálica, possui como marco do acometimento ocular uma panuveíte bilateral severa associada a descolamento seroso da retina. A SVKH é dividida em quatro fases distintas:
- Prodrômica: antecede a inflamação ocular em 3 a 5 dias, se estende por 1 a 2 semanas, mimetiza uma infecção viral e, apresenta como características: febre, cefaleia (principal), dor orbitária, fotofobia, zumbido, meningismo e pleocitose liquórica (predomínio de linfócitos pequenos);
- Uveítica (aguda): inicia 3 a 5 dias após a fase prodrômica e dura semanas a meses, na qual há inflamação difusa da coroide, responsável pelo subsequente acúmulo de líquido sub-retiniano e descolamento retiniano exsudativo, característico desta fase da doença, e variável extensão da inflamação, geralmente granulomatosa, para o segmento anterior;
- Fase de convalescência: segue gradualmente com regressão da inflamação e despigmentação da úvea e pele, lesões despigmentadas focais a fundoscopia ( sunset glow fundus) e lesões despigmentadas limbais ( sinal de Sugiura);
- A fase de convalescência é interrompida em 17 a 73% dos casos pela fase crônica da doença, apresentando-se majoritariamente como uveíte anterior recorrente.
As mulheres são comumente mais afetadas, em uma proporção de 2 para 1 em relação ao sexo masculino. A faixa etária mais acometida encontra-se entre a terceira e a sexta década de vida. O diagnóstico é eminentemente clínico. Devido a grande variação na apresentação clínica da doença, o Comitê Internacional de Nomenclatura propôs, em 2001, critérios diagnósticos revisados que categorizam os pacientes em SVKH completa, incompleta ou provável.
Critérios diagnósticos modificados para Síndrome VKH
- Ausência de uma história de trauma ocular penetrante.
- Ausência de outra entidade de doença ocular.
- Uveíte bilateral.
- Manifestações neurológicas e auditivas.
- Achados integumentares, não precedendo o início de doença no sistema nervoso central ou doença ocular, tais como alopecia, poliose e vitiligo.
Critérios 1-3 presentes (doença ocular isolada): VKH provável
Critérios 1-3 presentes + 4 ou 5: VKH incompleta
Critérios 1-3 presentes + 4 e 5: VKH completa
A angiografia fluoresceínica da fase aguda mostra pontos de hiperfluorescência multifocais ao nível de EPR. A fase crônica mostra áreas de hiperfluorescência devido a defeitos janela no EPR. Entre os diagnósticos diferenciais dos descolamentos de retina bilaterais exsudativos, temos:
- Carcinoma metastático de coroide;
- Síndrome de efusão uveal;
- Esclerite posterior;
- Eclampsia;
- Retinopatia serosa central;
- Degeneração macular relacionada à idade.
O tratamento consiste em altas doses de prednisolona (60 a 100 mg/dia) que podem ser aumentados com terapia de pulso endovenoso em três dias com metilprednisolona (500 a 1000 mg/dia). Pacientes resistentes a esteroides podem necessitar de ciclosporina. O prognóstico depende do reconhecimento precoce e do controle agressivo dos estágios iniciais da doença.
Referências:
- Kanski JJ, Bowling B. Oftalmologia Clínica: uma abordagem sistêmica. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012: 464-465.
- Mota LAA, Dos Santos AB. Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada e o seu acometimento multissistêmico. Rev. Assoc. Med. Bras.[online]. 2010; 56 (5) [cited
2019-08-26]: 590-595. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302010000500023.
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