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Oftalmologia23 fevereiro 2025

SIMASP 2025: Atualizações – Fotobiomodulação no tratamento da DMRI

Foram discutidos aspectos relacionados a fotobiomodulação, novo tratamento disponível para o tratamento da DMRI
Por Alléxya Affonso

Durante o Simpósio Internacional de Atualizações em Saúde Ocular e Oftalmologia (SIMASP 2025) foi abordado a fotobiomodulação, novo tratamento disponível para o tratamento da DMRI. A DMRI é uma das principais causas de cegueira irreversível em idosos. Estima-se que entre 25% e 30% das pessoas com mais de 75 anos sejam afetadas pela doença, o que representa um desafio crescente para a saúde pública devido ao envelhecimento populacional e à falta de tratamentos eficazes. 

A DMRI, especialmente na forma seca, está associada à disfunção mitocondrial, estresse oxidativo e inflamação crônica. A fotobiomodulação é uma terapia baseada no uso de luz de baixa intensidade (geralmente nos comprimentos de onda do vermelho, infravermelho próximo e azul) para estimular processos biológicos celulares. A luz penetra nos tecidos da retina e interage com as mitocôndrias das células, promovendo: aumento da produção de ATP, redução do estresse oxidativo e inflamação, melhoria da função dos fotorreceptores e do epitélio pigmentar da retina (EPR), neuroproteção e reparo celular. A fotobiomodulação pode retardar a progressão da doença e preservar a visão por meio da estimulação celular e da redução da morte celular. 

Rassi et al. fizeram uma meta-análise sobre fotobiomodulação no tratamento da DMRI seca. Os desfechos avaliados foram:  

  • Melhor acuidade visual corrigida (BCVA do inglês – best corrected visual acuity): Melhora média de 1,76 letras ETDRS em comparação ao grupo controle. É considerado clinicamente significante, melhora média de 6,8 letras ETDRS. 
  • Volume de drusas: Redução estatisticamente significativa (-0,12 mm³), porém insuficiente para impacto clínico conforme definido pelos critérios de diferença mínima clinicamente importante (MCID do inglêsMinimal Clinically Important Difference MCID = 0,39 mm³). 
  • Área da atrofia geográfica: Não houve impacto significativo na progressão.  
  • Tamanho da amostra: a amostra atual (247 olhos) é insuficiente para conclusões definitivas, sendo necessário um número maior de participantes. O estudo considera que seriam necessários 555 olhos para avaliação da acuidade visual e 444 olhos para volume de drusas, segundo a análise sequencial de ensaios (TSA do inglês – Trial Sequential Analysis). 
  • Risco de viés: Todos os estudos incluídos apresentaram alto risco de viés, principalmente na avaliação dos desfechos e na coleta de dados. 

SIMASP

Impactos na Prática Clínica 

  • A fotobiomodulação demonstrou melhora estatisticamente significativa na BCVA e na redução do volume de drusas em pacientes com DMRI seca. No entanto, essas melhoras não atingiram um nível clinicamente significativo, conforme definido pelos critérios de MCID. 
  • Não houve diferença significativa na progressão da atrofia geográfica, que é um dos estágios mais avançados da DMRI. 
  • O estudo destaca que os resultados positivos da fotobiomodulação ainda não justificam seu uso clínico generalizado devido à falta de evidências robustas. 

O que podemos concluir? 

A DMRI seca representa um grande desafio para a saúde pública devido ao seu impacto crescente na população idosa, custos elevados e a falta de tratamentos eficazes. Novas abordagens terapêuticas, como a fotobiomodulação, ainda não demonstraram eficácia robusta. A meta-análise sugere que a fotobiomodulação pode trazer pequenas melhorias estatísticas para pacientes com DMRI seca, mas sem impacto clínico relevante.  

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Referências bibliográficas

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