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Oftalmologia3 fevereiro 2023

Qual a evidência para as várias intervenções na progressão da miopia em crianças?

A hipocorreção do grau já foi adotada como estratégia contra progressão da miopia, mas estudos clínicos mostram que ela não é clinicamente significativa.

Por Juliana Rosa

Os óculos de visão simples desenhados para alterar o defocus periférico também teriam pouco efeito, menos que 14% de redução na progressão. Os efeitos com óculos bifocais e progressivos tendem a ser maiores, mas variáveis e questionáveis em termos de significância clínica em alguns casos (6%–51%). Lentes de contato de visão simples, gelatinosas ou rígidas têm efeito muito pequeno na progressão da miopia.

Leia também: Miopia: o que o oftalmologista precisa saber?

Em contrapartida lentes de contato com alguma multifocalidade têm efeitos significativos. Lentes multifocais centro longe foram usadas off label com sucesso, demonstrando uma média de 38% na redução da progressão. As lentes de descarte diário Misight demonstraram redução da progressão da miopia e do alongamento axial ao final de 2 anos de 39% e 38% respectivamente.

Qual a evidência para as várias intervenções na progressão da miopia em crianças?

Estudos recentes

A ortoceratologia, utilizada primariamente com o objetivo de reduzir o erro refrativo de forma temporária, comprovou ser benéfica também no controle da miopia. O tratamento induz um shift miópico relativo na periferia. A maioria dos estudos de efetividade para o controle da miopia focaram em crianças, com estudos limitados em adultos. No estudo LORIC, que avaliou crianças de 7 a 12 anos por 2 anos, o alongamento axial foi aproximadamente a metade no grupo da ortoceratologia (0,29 vs. 0,54 mm), No primeiro estudo chamado ROMIO o alongamento teve redução de 43%, com efeitos maiores em crianças mais jovens e mais progressoras (7-8 anos 20% x 65% controle) do que em crianças mais velhas (9-10 anos 9% X 13% controle).

Os estudos de tratamentos farmacológicos utilizaram principalmente atropina, apesar de outros antagonistas muscarínicos como pirenzepina, hipotensores oculares como timolol e um antagonista adenosina 7 metilxantina também terem sido estudados. Apesar da redução na progressão da miopia parecer ser maior com atropina 1% (em torno de 60% a 80%), os estudos mais recentes de atropina usam doses mais baixas com uma redução de efeito no controle da refração (em torno de 45%) e sem aparente controle do aumento do comprimento axial mas com alguns poucos efeitos colaterais e aparente rebote após retirada. Três concentrações de atropina foram estudadas nos estudos mais recentes (0,01%, 0,025% e 0,05%) por YAM et al. Todas as concentrações foram bem toleradas.

Em um estudo envolvendo baixas concentrações, crianças tratadas com 0,025% por 22 meses tiveram uma progressão em média de 0,28D por ano, comparado com 0,75D em crianças não tratadas (redução de 63%). Outro estudo que usou a mesma concentração em pré míopes reportou uma redução da miopia incidente e redução da progressão (21% x 54%, 0,14 vs. 0,58D).

Mensagem final

O tempo de atividade externa parece ser mais efetivo em prevenir a miopia incidente do que em diminuir a progressão de uma miopia existente. A evidência de que os níveis de vitamina D estejam relacionados ao controle da miopia são fracos. Em um estudo a cada hora adicional por semana de atividade externa houve uma redução do risco de desenvolver miopia de 2%.

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Referências bibliográficas

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