Dia 18 de setembro é o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma. O retinoblastoma é um tipo incomum de malignidade que ocorre em 1 a cada 18000 nascidos vivos, porém é o tumor maligno intraocular primário mais comum da infância, sendo responsável por 3% dos casos de todos os cânceres infantis.
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O retinoblastoma
Ocorre igualmente em ambos os sexos. 90% dos casos ocorrem antes dos três anos de idade. A maioria dos casos bilaterais ocorre dentro do primeiro ano. Em centros especializados, a taxa de sobrevivência é maior que 95% com manutenção da visão em grande parte, porém essa taxa é baixa em países em desenvolvimento. É composto de retinoblastos.
A maioria é indiferenciado, mas diferentes graus de diferenciação podem estar presentes, formando estruturas conhecidas como rosetas. Pode ser endofítico (no vítreo) e espalhar células tumorais em todo o olho, pode ser exofítico (no espaço subretiniano) ou misto. A invasão do nervo óptico pode ocorrer com o espalhamento do tumor no espaço subaracnóideo e dentro do cérebro. A metástase pode ocorrer para linfonodos, pulmão, fígado, ossos e cérebro.
O retinoblastoma ocorre como resultado da mutação do gene RB1 no braço longo do cromossomo 13 no locus 14. Apenas 5% dos casos têm história familiar. 95% são esporádicos e desses 60% tem doença unilateral. O restante com doença bilateral geralmente têm mutações na linha germinativa e podem ter múltiplos tumores. Os pacientes com doença hereditária têm maior chance de ter pineoblastoma, osteosarcoma, sarcomas do tecido mole e melanomas. As chances de uma malignidade secundária são de 6% mas o risco aumenta 5x quando a radioterapia por feixe externo foi usada para tratar o tumor primário.
Como suspeitar do diagnóstico?
- Leucocoria (“pupila branca”): é o achado mais frequente, em 60% dos casos;
- Estrabismo: é o segundo achado mais frequente.
- Olho vermelho doloroso: geralmente associado a glaucoma secundário.
- Inflamação orbitária
- Baixa visão
- Restrição dos movimentos oculares
- Crescimento extraocular visível
- Doença metastática: é rara antes do envolvimento ocular
Sinais ao exame
- Visualização do tumor intraretiniano, do tumor endofítico ou exofítico (que pode causar descolamento de retina)
- Hipópio
- Hifema
- Inflamação ocular
- Heterocromia de íris
- Estrabismo
- Perfuração do globo
- Proptose
- Catarata e glaucoma
- Anisocoria
Como é feita a avaliação?
- Oftalmoscopia direta: “Teste do Olhinho” ou Reflexo vermelho. É um teste simples onde podemos encontrar a leucocoria (reflexo vermelho ausente). A sensibilidade do teste é alta, por isso é utilizado como screening e atualmente deve ser realizado pelo pediatra em todos os recém nascidos antes da alta hospitalar e repetido nas consultas de puericultura pelo menos 3 vezes ao ano segundo as orientações da diretriz brasileira acerca da periodicidade do exame oftalmológico nas crianças saudáveis da primeira infância (SBOP 2021). No caso de reflexo ausente ou duvidoso o paciente deve ser encaminhado ao Oftalmologista. Esse exame não substitui a avaliação oftalmológica que deve ser feita de 6 a 12 meses de idade.
- O exame sob sedação é necessário em casos em que se necessite medir o diâmetro corneano, fazer tonometria, exame da câmara anterior, fundoscopia, refração sob cicloplegia e documentação dos achados.
- O ultrassom ocular consegue mostrar o tamanho do tumor, calcificações e excluir diagnósticos diferenciais como a doença de coats.
- A ressonância magnética é capaz de avaliar o nervo óptico, extensão extraocular e excluir doenças similares.
- Os diagnósticos diferenciais incluem: vasculatura fetal anterior ou posterior persistentes, doença de coats, retinopatia da prematuridade, toxocaríase, uveíte, displasia vitreorretiniana, coloboma de coróide e disco óptico e catarata posterior.
Quais são as complicações possíveis?
- Descolamento de retina
- Necrose retiniana
- Invasão orbitária
- Invasão do nervo óptico
- Cegueira
- Extensão intracraniana
- Neoplasias secundárias
- Metástase
- Tumores recorrentes
- Hipoplasia óssea temporal
- Catarata
- Neuropatia e retinopatia associadas a radiação
O diagnóstico precoce é fundamental! Se você é pediatra e tem um paciente com menos de três anos com teste do olhinho suspeito ou qualquer um dos sinais acima, encaminhe com urgência para o oftalmologista especializado.
Referências bibliográficas:
- Dimaras H, Corson TW. Retinoblastoma, the visible CNS tumor: A review. J Neurosci Res. 2019;97(1):29-44. doi:10.1002/jnr.24213
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