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Oftalmologia4 março 2024

Como estimar o poder esférico do olho baseado em dados da biometria ocular? 

Artigo avaliou pacientes com miopia para obter dados e desenvolver uma nova fórmula para a estimativa do poder esférico
Por Juliana Rosa
Encontrar a melhor refração no astigmatismo irregular é um dos maiores desafios na refratometria. O emprego da regra de GASSET foi proposta há várias décadas, levando apenas em consideração os valores de ceratometria mínima e máxima (K1 e K2 ) para sugerir a refração subjetiva inicial esférica e cilíndrica. Na determinação do poder esférico ocular são importantes a curvatura corneana anterior, o poder do cristalino e o diâmetro anteroposterior do globo ocular (DAP).   Nos pacientes com ceratocone, a tendência natural para se encontrar a refração esférica miópica ocorre pelo aumento da curvatura corneana. Um artigo publicado em 2022 na eOftalmo avaliou retrospectivamente prontuários de pacientes com miopia para obter dados e desenvolver uma nova fórmula para a estimativa do poder esférico, considerando o valor ceratométrico e o DAP do globo ocular.   Leia mais: Síndromes infecciosas oculares: saiba como identificar os sinais de alarme 

Método do estudo sobre estimativa do poder esférico ocular

Foram avaliados 150 prontuários de pacientes com diagnóstico de miopia, que realizaram os exames oculares, de forma sequencial, entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos, com refração estática entre -9,00 e -1,00 DE, presença ou não de astigmatismo, quando presente, entre 0,25 e 3,00 DC, sempre topograficamente regular.  Cem prontuários atendiam aos critérios de seleção. A média de idade da população estudada foi de 17 ± 6,2 anos, com variedade entre 10 e 35 anos, sendo 49 (49%) do sexo masculino. A média, DP e variedade da miopia, astigmatismo, K1 , K2 e DAP foi de -4,42 ± 2,06, -1 e -9 D; 0,57 ± 0,86, 0 e 3,25 DC; 44,14 ± 1,09, 43 e 47,7 D; 44,97 ± 1,38, 43 e 48,90 D e 25,00 ± 1,19, 22,26 e 27,92 mm, respectivamente.  Descubra: Quiz: Paciente com dor ocular súbita. Qual o diagnóstico?   A fórmula de melhor aproximação para o poder esférico estimado (PEE) deduzida foi: PEE = 63,7584 - 1,6647 x DAP - 0,6018 x K1 , onde se obteve um coeficiente de determinação ajustado (R2 ajustado = 0,7543).  Como iniciativa de estimar rapidamente um poder esférico para se iniciar a refração subjetiva nesses casos, usou-se os valores de K1 e DAP, que podem ser obtidos pela ceratometria corneana e biometria ultrassônica de baixo custo, o que poderia ajudar nesses casos difíceis de refração.   Nas últimas décadas, surgiram estudos demonstrando bons resultados com uso de aparelhos com wavefront para fornecer a refração objetiva nesses casos, no entanto esses estudos não foram randomizados ou duplo-cegos, além do que, o alto custo dessa tecnologia afasta essa abordagem do dia a dia dos consultórios oftalmológicos no Brasil.   rios estudos têm correlacionado dados biométricos com a refração ocular. A curvatura corneana tem baixa correlação com esse fato. A maior correlação é encontrada entre o DAP e a refração ocular. Logo, pode-se esperar que a fórmula de Gasset, anteriormente proposta para a dedução do grau esférico nos AIs seja pouco reprodutível para a estimativa do poder esférico.  O DAP já foi outrora empregado para estimar-se o valor da PEE O diagnóstico do ceratocone costuma ser em idade média maior que deste estudo. A idade da população selecionada para esse estudo buscou representar a faixa etária relacionada com o diagnóstico do ceratocone.   Assim sendo, a população com faixa etária abaixo dos 10 anos pode apresentar valores da PEE hipocorrigidos. Outro dado biométrico importante que ajudaria a refinar a fórmula seria o poder do cristalino, porém sua medida é realizada com maior precisão por biometria óptica, da qual, com posse dos dados da profundidade da câmara anterior, da espessura do cristalino, da ceratometria corneana, do DAP e da refração do paciente, deduz-se, através da fórmula de Bennett (ou com a fórmula adaptada por Rozema), o poder do cristalino.  

Comentários

O uso da fórmula deduzida pode simplificar o início da refração subjetiva em pacientes com suaves opacidades de meios, e, no futuro, talvez conseguir reduzir o tempo de refração subjetiva nos pacientes com astigmatismo muito irregular. Novos estudos randomizados e mascarados na população com ceratocone poderão comprovar essas afirmações.  Leia ainda: O uso de antidepressivos afeta a superfície ocular e a produção de lágrima?

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Referências bibliográficas

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