Cirurgia do segundo olho faz diferença na função motora do paciente com catarata?

A catarata é uma condição caracterizada pela opacidade do cristalino, podendo ocorrer em um olho só ou em ambos os olhos. Pode ser pediátrica quando ocorre nos primeiros anos de vida, secundária quando associado a outras causas, traumática e relacionada a idade. A catarata senil é a mais comum, podendo se iniciar aos 45-50 anos por estresse oxidativo das lentes. Em relação aos tipos de catarata relacionada a idade, ela pode ser nuclear, cortical ou subcapsular posterior, baseando-se na localização da opacificação.  De acordo com metanálise de 45 estudos, a prevalência aumenta de 3% (na faixa etáriaentre 20 e 39 anos) até 54,38% acima dos 60 anos. Com o envelhecimento da população, a prevalência de catarata só tende a aumentar.  

Uma revisão avaliou artigos que mostram as consequências de não realizar a cirurgia do segundo olho na função visomotora do paciente. 

Métodos 

Foram avaliados 13 estudos: seis tinham medidas objetivas de performance motora, incluindo direção, mobilidade e capacidade de evitar obstáculos, tempo de quatro metros de caminhada, subir e descer escada, dados sobre quedas e traumas.

Considerações 

A cirurgia ainda é o único tratamento comprovadamente eficaz para o tratamento da  catarata. As lentes intraoculares implantadas na cirurgia em muitos casos deixam o paciente independente da correção com óculos. Por causa da prevalência e da eficácia e segurança da cirurgia de catarata, ela é uma das cirurgias mais comumente realizadas nos países em desenvolvimento. Em alguns países é comum que seja feita a cirurgia do primeiro olho com  intervalo de pelo menos duas semanas para a cirurgia do segundo olho. Esse protocolo é preferido em muitos casos pois diminuiria o risco de complicações pós operatórias  como infecções bilaterais e surpresas refrativas.  

Os recursos financeiros para a realização da cirurgia do primeiro olho separada da cirurgia do segundo olho são maiores o que pode levar a acesso restrito a cirurgia do segundo olho em algumas áreas. Essa abordagem de evitar a segunda cirurgia por causa dos custos envolvidos, limitando o acesso, fez com que fosse levantado o questionamento sobre os impactos disso. 

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Conclusão e mensagem prática 

Em relação às medidas objetivas da performance motora concluíram se que não houve efeito significativo da segunda cirurgia na autoregulação da direção, porém houve redução significativa nas taxas de queda e melhora da mobilidade e performance simulada de direção. Além disso, a cirurgia do segundo olho melhorou a habilidade de explorar o ambiente. Em relação às questões subjetivas, o que foi avaliado em questionários mostra que a cirurgia do segundo olho melhoraria a habilidade de responder a tarefas motoras como trabalhos manuais finos e uso de computador.