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As fraturas osteoporóticas dos corpos vertebrais se tornaram cada vez mais frequentes com a evolução etária da população mundial. Essas lesões são responsáveis por importante limitação funcional desses pacientes, reduzindo a qualidade de vida e aumentando uso crônico de analgésicos.
A cifoplastia, injeção de cimento intravertebral pelo método de balão, apresenta baixa morbidade com alta resposta terapêutica à dor, possibilitando o retorno desses pacientes imediatamente às suas respectivas rotinas, diminuindo os potenciais riscos de uma imobilização temporária.
De 2009 a 2015, 93 pacientes foram tratados com fraturas osteoporóticas da coluna vertebral em hospitais da rede privada na cidade do Rio de Janeiro, sendo 68% mulheres e 32% homens, apresentando uma proporção etária definida como: inferior a 60 anos = 1%, 60 a 70 anos = 18%, 71 a 80 anos = 33% e acima de 80 anos = 48%. Todos foram submetidos à avaliação radiológica através de RX de coluna, Tomografia com reconstrução sagital e RNM para confirmar a natureza aguda da fratura.
Todos os pacientes foram avaliados no pré e pós-operatórios através da escala Visual Analógica de dor (EVAS) e da escala de Oswestry. Fraturas com colabamento superior a 75% da altura do corpo vertebral e importante abaulamento do muro posterior foram excluídas devido ao maior risco de lesão por extravasamento do cimento para o canal vertebral.


Desses 93 pacientes avaliados, 68 pacientes foram submetidos ao procedimento, sendo 17 à vertebroplastia e 51 à cifoplastia. A distribuição dos níveis de fraturas foram D5=9,1%, D8=9,1%, D9=5,2%, D10=1,3%, D11=3,9%, D12=22%, L1=23,4%, L2=11,7%, L3=14,3% e L4=6,5%. Os pacientes submetidos ao procedimento cirúrgico apresentaram uma melhora no EVA de 7 pontos (média) e de 40 pontos na escala de Oswestry.
Entre todos os pacientes submetidos ao procedimento, apenas em dois casos ocorreu um pequeno extravasamento do cimento para a região subligamentar sem estar associado a déficit clínico ou neurológico. Os pacientes submetidos ao procedimento, em geral, receberam alta no dia seguinte.
Figura 1: fratura osteoporótica de L3 e L4. Realizada cifoplastia em dois níveis.
Vários estudos clínicos nos últimos anos têm demonstrado as vantagens da cifoplastia no tratamento das fraturas vertebrais quando comparada com o tratamento conservador. A melhora expressiva nas escalas de dor, a redução do uso de analgésicos e a retomada das atividades rotineiras de forma precoce são decisivas para indicação do procedimento. Outra evidência nesses estudos foi que o percentual de fratura secundária e a piora do índice de colapso vertebral foi maior no grupo em tratamento conservador.
Em nossa série de casos, os pacientes submetidos aos procedimentos percutâneos de cifoplastia apresentaram significativa melhora nas queixas álgicas, alto índice de satisfação e ausência de complicações clínicas. A seleção criteriosa dos pacientes a serem submetidos, preferencialmente a cifoplastia, leva a um alto grau de resposta terapêutica possibilitando curta estadia hospitalar, baixa morbidade/complicação e retorno precoce às suas atividades rotineiras.
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Referências:
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