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Medicina do Esporte28 agosto 2019

Medicina de aventura: viajando para altitude

A altitude entra como cenário de ambiente extremo, gerando adaptações fisiológicas. São necessários cuidados e orientações para manutenção de saúde.

Por Paula Benayon

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

O exercício na altitude vem ganhando popularidade nas últimas décadas, através do ecoturismo ou esportes de escalada e corridas de aventura. A altitude entra como cenário de ambiente extremo, gerando adaptações fisiológicas. Para isso, são necessários alguns cuidados e orientações para manutenção de saúde e de desempenho.

Adaptação do organismo

Na altitude, os mais importantes fatores ambientais são a baixa concentração de oxigênio atmosférico e a baixa pressão. Outros fatores ambientais são os extremos de temperatura ( frio e calor) assim como o aumento da radiação ultravioleta. 

O organismo se adapta a essa condição com respostas compensatórias. A exposição aguda a hipóxia leva ao aumento da resposta ventilatória desencadeada pelo receptores carotídeos. Além disso, leva a aumento da resposta simpática incluindo aumento da frequência cardíaca, aumento do débito cardíaco e aumento da pressão arterial. A resposta a hipóxia ventilatória ocasiona queda do CO2 alveolar, hipocapnia, e alcalose respiratória. O rim responde a essa alteração excretando bicarbonato e conservando íon hidrogênio, aumentando a diurese. O aumento da produção de hemoglobina e do hematócrito acontece mais tardiamente.

A aclimatação é uma das principais estratégias para a realização de exercícios na altitude, assim como para prevenção de doenças como mal agudo das montanhas, edema pulmonar e cerebral de grandes altitudes. Como orientação geral, a taxa de subida após 3000 metros, é de 300 a 600 metros por dia com 1 dia de descanso a cada 1000 metros completados. Para eventos esportivos, 14 dias seria o tempo apropriado para realizar uma prova alvo. 

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Cuidados para saúde e desempenho nessa atividade

Deve-se ter atenção à exposição aos raios ultravioletas, sendo importante o uso de roupas, óculos e protetor solar, barreira de proteção. Os raios UV, principalmente A e B que são maiores a cada 1000 metros de altitude, possuem efeitos imunossupressores. Além disso, a higiene do sono se faz fundamental, incluindo medidas como descanso em quarto escuro e confortável e a não ingestão de substâncias como cafeína e álcool. Manejar o jet lag também contribui para uma melhor adaptação.

Em relação as estratégias nutricionais, atenção aos status de ferro antes da viagem se faz necessário devido a maior eritropoiese, além do aumento da ingesta de carboidratos evitando o déficit de glicogênio na altitude. A hidratação também merece atenção, uma vez que há diminuição da sede e aumento da diurese.

Dessa forma, a avaliação prévia do atleta ou paciente, conhecendo suas comorbidades e condicionamento físico, antes da realização de exercício em ambientes extremos como a altitude torna-se fundamental.

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Referências:

  • Khodaee MGrothe HLSeyfert JH, et al. Athletes at High Altitude. 2016 Mar-Apr;8(2):126-32. 
  • Koehle MS1Cheng ISporer B. Canadian Academy of Sport and Exercice Medicine Position Statemente: Athletes at High Altitude. Clin. J Sport Med. 2014 Mar;24(2):120-7.
  • Michalczyk M,  Czuba M, Zydek G, et al. Dietary Recommendations for Cyclists during Altitude Training. 2016 Jun; 8(6): 377.

 

Autoria

Foto de Paula Benayon

Paula Benayon

Graduação em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Médica do esporte e do exercício pela Universidade de São Paulo (USP). Preceptora da residência médica da USP. Médica da natação do Sport Clube Corinthians Paulista.

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