As infecções respiratórias são uma das causas mais frequentes de atendimento na atenção primária. O principal desafio do médico é identificar os casos graves e definir a necessidade ou não de antimicrobianos. Ao contrário de ambientes hospitalares, na atenção primária nem sempre há exames complementares prontamente disponíveis e as medidas terapêuticas com frequência são apoiadas na história e exame físico.
Um estudo britânico multicêntrico rastreou 28.883 adultos com tosse “aguda” e suspeita de infecção respiratória em centros primários de atenção à saúde e, destes, 720 foram radiografados em até uma semana, sendo que em 115 tiveram confirmação de pneumonia no exame de imagem. A ideia do estudo foi avaliar quais preditores para pneumonia com confirmação radiográfica.
Preditores para pneumonia
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Os resultados mostraram que os preditores foram febre (risco relativo, RR 2,6), estertores (RR 1,8), oximetria < 95% (RR 1,7) e frequência cardíaca > 100 bpm (RR 1,9). Com base neles, os autores propuseram um escore para identificar pacientes com pneumonia na atenção primária, com a seguinte performance:
Fatores | Sensibilidade | Especificidade | VPN* | VPP* |
0 | 86% | 36% | 93% | 20% |
1 | 83% | 37% | 92% | 20% |
2 | 41% | 80% | 87% | 28% |
3 | 19% | 96% | 86% | 47% |
4 | 3% | 99% | 84% | 57% |
*Valores preditivos negativo (VPN) e positivo (VPP).
Outro modelo possível é o modelo de Van Vaugt, que inclui ausência de rinorreia e presença de falta de ar, estertores, murmúrio vesicular diminuído, taquicardia e febre. Limitações importantes no estudo incluem o fato de que as radiografias de tórax foram realizadas em uma pequena amostra de toda a coorte, cujos pacientes apresentavam-se mais doentes para a primeira consulta e, portanto, com mais chance de pneumonia. Dessa forma é importante atentar-se para a presença de mais de um sinal clínico.
Referência:
- https://erj.ersjournals.com/content/50/5/1700434
- https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMvcm0904262
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