As ações de Vigilância à Saúde são de atribuição das equipes de Atenção Primária à Saúde (APS). A atual situação de pandemia por Covid-19 exige adaptações nessas ações, bem como atenção para a sua correta aplicação diante de tantas novas atribuições e mudanças.
A Vigilância à Saúde desempenha um papel fundamental no acompanhamento e no fornecimento de informações para o manejo das epidemias, como já ocorre costumeiramente com a dengue e outras arboviroses.
Vigilância à Saúde durante pandemia de Covid-19
O objetivo dessas ações é subsidiar a tomada de decisões, através da identificação e monitoramento de agravos. Além do controle de indicadores de saúde, produzindo informações confiáveis. Como as equipes de APS conhecem bem seu território, a vigilância permite a identificação e análise de riscos de pessoas, famílias e comunidades.
Tendo em vista o atual impacto da Covid-19 na saúde pública do Brasil, a Fiocruz definiu recomendações a respeito de ações de vigilância à saúde a serem desempenhadas pela APS no Brasil, de modo que esse nível de atenção possa contribuir para o controle dessa epidemia, como porta de entrada do sistema de saúde, coordenadora do cuidado e responsável pelo acompanhamento integral e longitudinal de seus pacientes.
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Recomendações
Em primeiro lugar, os profissionais da APS deve estar atualizados e adotar as recomendações mais recentes sobre a definição de casos suspeitos, confirmados e descartados de Covid-19, bem como sobre os critérios de notificação, testando casos suspeitos quando possível.
No território, é necessário mapear os pacientes com maior risco para Covid-19. Reforçando as orientações de prevenção domiciliar e, quando necessário, agindo através das redes de apoio social. Para esses pacientes, e para todos os outros durante a fase de pandemia, deve-se orientar o isolamento social, única maneira de reduzir o contágio.
As medidas de atendimento e abordagem à distância também merecem atenção. As equipes de APS devem criar e divulgar mecanismos de comunicação remota com a sua população. Principalmente no caso de suspeita de Covid-19, utilizando, por exemplo, o telefone da unidade. Tanto para a identificação de casos suspeitos e seus contatos domiciliares, quanto para o acompanhamento dos mesmos, todos os profissionais podem se envolver nas atividades de atendimento remoto. Os ACS podem realizar vigilância ativa, inclusive por telefone ou internet, para identificação de casos.
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Parte importantíssima das ações de vigilância, o registro dos casos deve ser feito com qualidade e com garantia de segurança, possibilitando a geração de relatórios e consolidados. Deve ser possível a análise da distribuição dos casos no território e por faixa etária, sexo, comorbidades e vulnerabilidades sociais. É recomendada a construção de painéis de divulgação das informações da unidade a respeito da vigilância de casos de Covid-19, online ou em papel.
Mensagem final
Por último, o monitoramento das informações epidemiológicas locais, municipais, estaduais e nacionais a respeito da pandemia também é papel da APS. Esses dados podem vir dos próprios atendimentos realizados na unidade, como dos serviços de Vigilância governamentais. É a partir dessas informações que são direcionadas e ajustadas as novas ações de enfrentamento, portanto sua verificação deve ser feita de maneira regular.
Essas orientações devem ser adaptadas a cada contexto local. A sua exequibilidade depende de fatores envolvidos com a gestão, com o modo de organização da APS em cada município, com os recursos disponíveis e com a fase epidemiológica em que a doença se apresenta. Contudo, é o esforço dos profissionais da APS que podem fazer a maior diferença para o cuidado de sua população, por serem eles os mais próximos, com mais vínculo e com mais conhecimento sobre ela.
Referências bibliográficas:
- Engstrom E, et al. Recomendações para a organização da Atenção Primária à Saúde no SUS no enfrentamento da Covid-19. Observatório Covid-19 Série Linha de Cuidado Covid-19 na Rede de Atenção à Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. 2020 Maio.
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