A hanseníase em uma doença infecciosa insidiosa e progressiva, causada pelo bacilo álcool-ácido resistente da espécie Mycobacterium leprae. Acomete a pele, o sistema nervoso periférico e os olhos, podendo evoluir para neuropatia e incapacidades funcionais. No Brasil, costumava ser conhecida como “lepra”.
Trata-se de uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional, além de exigir investigação obrigatória. Falaremos sobre o diagnóstico da hanseníase, em mais uma publicação de conteúdos do Whitebook.
Como diagnosticar a hanseníase?
O diagnóstico da hanseníase é estabelecido com base nas manifestações clínicas e características epidemiológicas. O exame físico deve incluir o exame dermatoneurológico (teste de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil) e avaliação da sudorese (MS, 2021).
Para verificar a integridade da função neural, recomenda-se a utilização do formulário de avaliação neurológica simplificada. O exame neurológico compreende a inspeção, palpação / percussão e avaliação funcional (sensibilidade e força muscular) dos nervos. A partir dele pode-se classificar o grau de incapacidade física.
A avaliação neurológica deverá ser realizada nos seguintes casos:
- No início do tratamento;
- A cada 3 meses durante o tratamento, se não houver queixas;
- Sempre que houver queixas, tais como: dor em trajeto de nervos, fraqueza muscular, início ou piora de queixas parestésicas;
- No controle periódico de doentes em uso de corticoides, em estados reacionais e neurites;
- Na alta do tratamento;
- No acompanhamento pós-operatório de descompressão neural com 15, 45, 90 e 180 dias.
Todos os doentes devem ter o grau de incapacidade física e o escore olhos, mãos e pés (OMP) avaliado, no mínimo, no momento do diagnóstico e da cura, comparando as duas classificações e no pós-alta, a fim de comparar a avaliação com a classificação no momento da alta da poliquimioterapia.
As ferramentas laboratoriais podem ser úteis na confirmação diagnóstica. M. leprae é parasita intracelular obrigatório, e não é possível o cultivo em meios de cultura.
Exames de rotina: Biópsia de pele (lesões hansênicas), seguida de baciloscopia (colher material de raspado dérmico dos lobos auriculares, cotovelos e da lesão). A baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico da hanseníase.
Outros exames: Pode-se utilizar também a prova da histamina (endógena ou exógena), teste de Mitsuda (é uma intradermoreação de leitura tardia – 28 dias – indica resposta celular) e sorologia para anti-PGL1 (IgM e IgG, indicando resposta humoral).
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O diagnóstico é estabelecido quando um dos critérios do exame físico está presente e a biópsia da pele na margem da lesão confirma a presença do bacilo álcool-acidorresistente em nervo cutâneo.
O doente deve ser classificado em paucibacilar ou multibacilar pelos seguintes critérios (MS, 2021):
- Paucibacilar (PB): Hanseníase tuberculoide ou indeterminada (doença localizada em uma região anatômica e/ou um tronco nervoso comprometido);
- Multibacilar (MB): Hanseníase dimorfa ou virchowiana (doença disseminada em várias regiões anatômicas e/ou mais de um tronco nervoso comprometido).
Em regiões endêmicas, o diagnóstico clínico é suficiente.
O resultado positivo de uma baciloscopia classifica o caso como MB. O resultado negativo não exclui, porém, o diagnóstico clínico da hanseníase nem classifica o doente obrigatoriamente como PB.
- Pitiríase versicolor;
- Pitiríase rósea de Gilbert;
- Eritema solar;
- Eritema polimorfo;
- Eritrodermia;
- Eritema anular;
- Esclerodermia;
- Farmacodermia;
- Fotodermatite;
- Eritema nodoso;
- Pelagra;
- Sífilis;
- Alopecia areata (pelada);
- Sarcoidose;
- Tuberculose;
- Xantomas;
- Hemoblastoses;
- Eczemátide;
- Tinha do corpo;
- Vitiligo;
- Granuloma anular;
- Psoríase;
- Queloide;
- Lúpus eritematoso sistêmico;
- Leishmaniose cutânea;
- Micose fungoide;
- Neurofibromatose;
- Síndrome do túnel do carpo;
- Neuralgia parestésica;
- Neuropatia alcoólica;
- Neuropatia diabética;
- Lesões por esforço repetitivo.
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