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Medicina de Emergência25 fevereiro 2016

Sepse e novas definições: o que muda na prática?

As novas definições de sepse e choque séptico, baseadas num consenso produzido por 17 especialistas mundiais, foram recentemente divulgadas pelo The Journal of the American Medical Association (JAMA). A publicação, no entanto, está causando muita polêmica e o Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS) não endossou as novas definições na justificativa de que as mesmas não …

Por Eduardo Moura

250-BANNER3As novas definições de sepse e choque séptico, baseadas num consenso produzido por 17 especialistas mundiais, foram recentemente divulgadas pelo The Journal of the American Medical Association (JAMA). A publicação, no entanto, está causando muita polêmica e o Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS) não endossou as novas definições na justificativa de que as mesmas não correspondem à realidade latino americana.

Em carta pública, o ILAS explica o não endosso das novas definições pela não concessão de voz e participação de especialistas dos países de médio e baixo recurso (como o Brasil), em que a realidade do tratamento da sepse corre em direção oposta ao que ocorre no primeiro mundo.

Enquanto no primeiro mundo o interesse é em aumentar a especificidade do diagnóstico, diminuindo os gastos desnecessários com o “overtreatment” e “overdiagnosis”, nos países de menor recurso o desafio ainda é o tratamento precoce e a identificação de potenciais pacientes graves. Neste contexto latino americano, portanto, a sensibilidade do diagnóstico de sepse é fundamental, e o “overtreatment” e “overdiagnosis” tende a diminuir as falhas do sistema de saúde e melhorar os desfechos, o que já é um grande desafio.

Pelos novos conceitos, em exemplo igualmente usado pelo ILAS, pacientes que apresentem apenas hipotensão ou Glasgow menor que 13 isolados não seriam classificados como sépticos pelo escore SOFA (Sequential Organ Failure Assessment Score). O mesmo vale para hiperlactatemia, que não é mais considerada como critério de disfunção orgânica por não constar no escore. A publicação peca ao atribuir um caráter de triagem a um escore cujo modelo de estudo e validação foi como preditor de mortalidade em pacientes graves.

Diante deste cenário, a nova definição de sepse e choque séptico não deve mudar a prática clínica, ao menos não na realidade brasileira, e, portanto, nossas recomendações seguem as mesmas. Ainda assim, traduzimos abaixo as novas definições e critérios diagnósticos para sepse e choque séptico.

Definição:

  • Sepse: Disfunção orgânica com perigo a vida causada por uma resposta desregulada a infecção;
  • Choque séptico: Sepse com importantes anormalidades circulatórias e metabólicas/celulares, suficientes para aumentar substancialmente a mortalidade.

Critérios Clínicos:

  • Sepse: Infecção suspeita ou documentada, acompanhada de um aumento agudo de 2 ou mais pontos no escore SOFA;
  • Choque séptico: Sepse com necessidade de tratamento vasopressor para manutenção de pressão arterial média maior ou igual a 65 mmHg e lactato maior que 2 mmol/L, mesmo após adequada ressuscitação volêmica.

 

 

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Referências Bibliográficas:

  • Mervyn Singer, MD et al.  The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3).  JAMA. 2016;315(8):801-810. doi:10.1001/jama.2016.0287.
  • Carta aberta do ILAS: https://ilas.org.br/upfiles/arquivos/justificativa-pt.pdf
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