O excesso de administração de oxigênio tem sido reconhecido como um fator de risco para resultados adversos quando utilizado pré-operatoriamente ou após infarto do miocárdio. Mas a suplementação de O2 em excesso é prejudicial para o paciente da UTI?
Um ensaio clínico aberto analisou essa questão. Participaram 480 adultos admitidos na UTI com > 3 dias da duração de estadia esperada. Eles foram randomizados para receber uma estratégia conservadora de oxigênio (menor fração possível de FiO2 para manter a SpO2 a 94% – 98% ou PaO2 a 70 mm Hg-100 mm Hg) ou um protocolo padrão (FiO2 ≥ 0,4 para manter SpO2 a 97% -100% e PaO2 ≤ 150 mm Hg).
Pacientes do grupo conservador foram significativamente menos propensos a morrer na UTI do que aqueles no de tratamento padrão (12% vs 20%; número necessário para tratar, 12), e tinham uma probabilidade significativamente menor de choque (4% vs 11%), insuficiência hepática (2% vs 6%) e bacteremia (5% vs 10%), apesar de terem apenas uma PaO2 mediana moderadamente inferior ao grupo de cuidados padrão (87 mm Hg vs. 102 mm Hg).
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O ensaio foi interrompido precocemente (72% do recrutamento planejado), após um terremoto danificar o hospital de estudo. Ainda sim, os pesquisadores conseguiram chegar a essas conclusões. Agora, são necessários novas pesquisas para definir os alvos ideais de saturação de oxigênio.
Referências:
- Girardis M et al. Effect of conservative vs conventional oxygen therapy on mortality among patients in an intensive care unit: The Oxygen-ICU randomized clinical trial. JAMA 2016 Oct 18; 316:1583. https://dx.doi.org/10.1001/jama.2016.11993
- Ferguson ND.Oxygen in the ICU: Too much of a good thing? JAMA 2016 Oct 18; 316:1553. https://dx.doi.org/10.1001/jama.2016.13800
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