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A noradrenalina é uma droga utilizada como vasopressor tanto em centro cirúrgico como em unidades de terapia intensiva. Como todas as catecolaminas, ela está sujeita à degradação estrutural por diversos fatores, como calor, exposição a luz, oxigênio, alcalinização e contato com substâncias, como cobre e ferro.
Levando em consideração as recomendações presentes na bula da noradrenalina, esta só deve ser administrada em infusões intravenosas com solução de glicose a 5% ou qualquer outra solução com pH não alcalino. Sabe-se que dentre as soluções disponíveis para diluição, a glicose a 5% apresenta o menor pH em torno de 3,5 a 6,5 enquanto a solução salina a 0,9% apresenta pH entre 4,5 a 7.
Também é sabido que o pH é o maior determinante da degradação da noradrenalina, sendo sua estabilidade inversamente proporcional a ele, ou seja, quanto maior o pH, menor a estabilidade da solução. Devido à isso, costumou-se defender a teoria da diluição da noradrenalina em soluções de glicose.
Qual a melhor solução para noradrenalina?
Porém, estudos foram realizados com diluições da droga comparando-as com meios de glicose a 5% e solução salina a 0,9%, e sua estabilidade por um período de até sete dias. As diluições foram realizadas em 250 mL de ambas as soluções, em concentração de 4 mcg/mL, e avaliadas em intervalos de 0/24/48/72/120/168 horas. A estabilidade da droga foi definida como uma concentração final maior ou igual a 90% da concentração inicial.
No final do período estipulado, evidenciou-se que em ambas as soluções a concentração da noradrenalina permanecia quase inalterada, não havendo diferenças significativas entre diluir com glicose ou soluções salinas, mesmo expostas à luz ambiente.
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Assim, a noradrenalina pode, sim, ser diluída em soluções salina a 0,9% sem ter sua estabilidade alterada, já que ambas as soluções permaneceram estáveis por pelo menos sete dias. Apesar de os estudos estarem focados apenas na estabilidade da solução, é sempre bom lembrar que soluções preparadas e mantidas por mais de 24 horas são passíveis de contaminação por bactérias e, portanto, não indicadas.
Uma das limitações do estudo é que efeitos secundários provenientes de cada solução, como hiperglicemia que é bastante prejudicial a doentes críticos e hipernatremia adquirida no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI), não foram avaliados. Por isso, mesmo que os estudos provem que a noradrenalina poder ser diluída em ambas as soluções, cada paciente deve ser analisado individualmente e deve ser ponderada qual a melhor diluição em cada caso.
Referências bibliográficas:
- Martin RMT,Claude AL,Pierre CT, Nadeau NL,Turcotte G.Stability of norepinephrine infusions prepared in dextrose and normal saline solutions. Canadian Journal of Anesthesia.March 2008, 55:163;
- Baumgartner TG, Knudsen AK, Dunn AJ, et al. Norepinephrine stability in saline solutions. Hosp Pharm 1988; 23: 44–59;
- Trissel LA. Handbook of Injectable Drugs, 13thed. Bethesda: American Society of Health-System Pharmacists; 2005.
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