O treinamento em suporte básico de vida (BLS) é essencial para a abordagem aos pacientes em parada cardiovascular (PCR) no ambiente extra-hospitalar. A American Heart Association (AHA), como de costume, atualizou suas diretrizes em 2020. A seguir, destacaremos as novidades.
Novas orientações de suporte básico de vida
- O documento conta com novos algoritmos e recursos visuais para abordagem na ressuscitação. Como exemplo, há dois novos algoritmos para emergência associada a opioides para socorristas leigos e socorristas treinados. Nestes, orienta-se as situações para uso de naloxona em suspeita de intoxicação por opioides, incluindo administração da droga por socorristas leigos.
- Foi ressaltada a importância do início imediato da RCP por socorristas leigos. A justificativa é que o risco de dano ao paciente é baixo caso o paciente não esteja em PCR.
- Foi enfatizada a necessidade de administração mais precoce da epinefrina, durante a ressuscitação. Em caso de PCR com um ritmo não chocável, é aceitável administração de epinefrina assim que for possível. Já nos casos de ritmo chocável, pode ser aconselhável administrar epinefrina depois que as tentativas de de desfibrilação inicial tiverem falhado.
- O uso de dispositivos de feedback visual em tempo real foi recomendado como forma de manter a qualidade da RCP.
Orientações para pós-PCR e recuperação
- O atendimento do paciente após o retorno da circulação espontânea (RCE) é sempre complexo e requer muita atenção à oxigenação, controle da pressão arterial, avaliação da intervenção coronária percutânea, controle direcionado de temperatura e neuroprognóstico multimodal.
- Sabe-se que a hospitalização inicial de um paciente com PCR é apenas um primeiro passo de abordagem. O caminho da recuperação é longo. Os pacientes devem ter avaliação e suporte formais para suas necessidades físicas, cognitivas e psicossociais. Neste contexto, um novo elo foi adicionado à cadeia de sobrevivência (recuperação).
Leia também: Suporte avançado cardíaco e pulmonar de pacientes com Covid-19
PCR na gravidez
O tratamento da PCR na gravidez é focado em ressuscitação da mãe. Se necessário, deve-se considerar uma cesariana de emergência, para salvar o bebê e melhorar as chances de ressuscitação bem-sucedida da mãe.
Um novo algoritmo sobre este tema foi adicionado. Como as pacientes grávidas são mais propensas à hipóxia, a oxigenação e o manejo da via aérea devem ser priorizados durante a ressuscitação de uma PCR durante a gravidez.
Mensagem prática
- Na prática, não houve nenhuma mudança radical no AHA 2020 para BLS.
- Os principais pontos abordados na nova diretriz são: gerenciamento de parada cardíaca relacionada a opioides, o uso de tecnologia digital para facilitar a resposta à parada cardíaca e recuperação pós-hospitalar como parte da cadeia de sobrevivência.
Referência bibliográfica:
- AHA. Adult Basic Life Support. 2020 International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science With Treatment. Recommendations. Circulation. 2020;142 (suppl 1):S41–S91. DOI: 10.1161/CIR.0000000000000892. Disponível em: https://cpr.heart.org/en/
resuscitation-science/cpr-and- ecc-guidelines - American Heart Association. Destaques das diretrizes de RCP e ACE de 2020 da American Heart Association. Disponível em: https://cpr.heart.org/en/resuscitation-science/cpr-and-ecc-guidelines
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.