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Infectologia1 junho 2015

Testou-se de tudo… Mas deu Zika!

A população de Camaçari, no interior da Bahia, ficou assustada quando no final de março deste ano ocorreu uma série de casos de pessoas com sintomas semelhantes aos da dengue, porém com diagnóstico não confirmado pela sorologia viral. Exames descartaram o diagnóstico de dengue, febre amarela, rubéola, sarampo e febre chikungunya. A doença misteriosa, que …

Por Eduardo Moura

A população de Camaçari, no interior da Bahia, ficou assustada quando no final de março deste ano ocorreu uma série de casos de pessoas com sintomas semelhantes aos da dengue, porém com diagnóstico não confirmado pela sorologia viral. Exames descartaram o diagnóstico de dengue, febre amarela, rubéola, sarampo e febre chikungunya.

A doença misteriosa, que em muito se assemelha as demais flaviviroses, apresentava como peculiaridade um rash cutâneo difuso mais proeminente e precoce do que o observado nas outras doenças.

Passado-se um mês do surto em Camaçari, outros municípios baianos começaram a registrar novos casos da misteriosa doença, que não chegou a preocupar o Ministério da Saúde dada a benignidade do quadro quando comparado a dengue.

Foi então que pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) conseguiram identificar o agente causador do quadro: tratava-se do Zika Vírus.

O Zika Vírus é um flavivírus africano identificado há mais de 70 anos a partir de seu isolamento em macacos da floresta que o nomeou (Zika), em Uganda, região central do continente africano. Em 1964, os primeiros casos africanos de febre pelo Zika foram registrados e desde então o vírus se manifestou em várias regiões do continente e se expandiu para a Ásia. Fora do continente africano e asiático, apenas um surto foi registrado na Oceania há 8 anos.

A exemplo do que se postula sobre a flavivirose impronunciável, chikungunya, o vírus Zika também deve ter chegado ao Brasil durante a Copa do Mundo de 2014, em que portadores do vírus devem tê-lo transmitido ao nosso vilão nacional e rei dos flavivírus, Aedes aegypt, iniciando a transmissão para nossa população.

Em termos de assistência clínica, a benignidade do quadro do Zika não preocupa, e também em nada difere o diagnóstico diferencial com as demais flaviviroses. No final das contas, o tratamento que todo médico na linha de frente tem que realizar é hidratação vigorosa e alívio dos sintomas, cuidados primordiais para que “zika” esteja apenas no nome da doença e não em sua característica evolutiva. O cuidado médico, afinal, não pode dar zica.

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