Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.
Infecções associadas à assistência à saúde são frequentes, gerando um aumento de morbidade, mortalidade e custos. A busca por medidas que diminuam a incidência de infecções hospitalares é uma preocupação mundial.
Uma estratégia para evitar alguns tipos de infecção, evitar a transmissão de bactérias multirresistentes entre pacientes e aumentar a adesão a medidas de precaução de contato seria o uso de quartos individuais no lugar de enfermarias. Entretanto, as evidências que sugerem relação entre a arquitetura hospitalar e a prevenção de colonização por organismos resistentes e infecções associadas aos cuidados da saúde são conflitantes.
Quartos particulares diminuem as infeções?
Um estudo envolvendo pacientes de um grande hospital no Canadá procurou avaliar o impacto na mudança da arquitetura de enfermarias para quartos individuais na incidência de colonização de MRSA e VRE e nas taxas de infecção hospitalar por MRSA, VRE ou Clostridioides difficile (antigo Clostridium difficile). Todos os pacientes eram rastreados de rotina para colonização para MRSA e VRE na admissão e semanalmente. Aqueles colonizados eram colocados em precaução de contato durante toda a hospitalização.
Veja também: As mãos dos pacientes como fontes de bactérias multirresistentes
A pesquisa ocorreu no contexto da mudança do hospital de um prédio de 417 leitos com quartos individuais e enfermarias compostas por três a quatro leitos para um novo prédio de 350 leitos constituído somente de quartos individuais, com banheiros privativos e fácil acesso a pias para lavagem das mãos. Os autores compararam as taxas e tendências de colonização e infecção entre os pacientes nas instalações antigas (2013-2015) e novas (2015-2019).
Resultados
Após a mudança, os autores observaram uma redução imediata e sustentada na incidência de colonização nosocomial de VRE e MRSA e na incidência de infecção por VRE, mas não na incidência de infecções nosocomiais de MRSA ou por C. difficile. As mudanças na incidência de colonização de VRE e MRSA foram vistas imediatamente após a mudança e, mesmo após o fim do período de observação – 36 meses após a mudança -, não retornaram aos níveis anteriores.
Mais da autora: FDA aprova novo antibiótico para tratamento de bactérias multirresistentes
Os autores sugerem que, além do uso de quartos privativos, a mudança para um novo hospital, com superfícies teoricamente livres de MRSA e VRE, contribuiu para a redução importante na colonização por esses germes. A adesão a outras medidas de controle, como higienização das mãos, também pode ter contribuído parcialmente para a manutenção ao longo do tempo dos níveis baixos de colonização.
Os resultados sugerem que a configuração de hospitais com quartos individuais em detrimento de enfermarias pode ajudar no controle de transmissão de organismos multirresistentes e de algumas infecções nosocomiais.
É médico e quer colaborar com o Portal PEBMED? Inscreva-se aqui!
Referências bibliográficas:
- McDonald, EG, Dendukuri, N, Frenette, C, Lee, TC. Time-Series Analysis of Health Care-Associated Infections in a New Hospital With All Private Rooms. JAMA Intern Med. doi:10.1001/jamainternmed.2019.2798 Published online August 19, 2019.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.