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Infectologia20 outubro 2021

Doença meningocócica invasiva: Estudo avalia a presença de comorbidades como fatores de risco

Doença meningocócica invasiva é uma condição infecciosa que pode ser potencialmente fatal e de evolução rápida. Saiba mais.

Doença meningocócica invasiva é uma condição infecciosa causada pela bactéria Neisseria meningitidis e que pode ser potencialmente fatal e de evolução rápida. O desenvolvimento de doença invasiva pode estar relacionado a fatores de risco que incluem o potencial invasivo da cepa envolvida e fatores do hospedeiro, como imunossupressão.

Entre os fatores de risco, defeitos no sistema de complemento são os mais reconhecidos, assim como infecção pelo HIV, asplenia anatômica ou funcional e uso de eculizumabe. Entretanto, pouco se sabe sobre o impacto de outras comorbidades como fator de risco para o desenvolvimento de doença meningocócica invasiva.

doença meningocócica invasiva

Materiais e métodos

Por meio da captação de dados de bancos nacionais, um grupo dinamarquês conduziu um estudo de caso-controle de casos de doença meningocócica registrados em adultos de 1977 a 2018, buscando avaliar a presença de comorbidades como fatores de risco. Para cada caso, foram selecionados, de forma aleatória, dez controles pareados por sexo e idade. Morte foi atribuída à doença meningocócica se ocorrida em até 30 dias da admissão hospitalar e se a data da primeira cultura positiva (data índice) foi posterior à data da morte.

Resultados

Foram identificados 1221 casos de doença meningocócica invasiva no período, sendo 45% em homens. A mediana de idade foi de 45 anos. As apresentações mais comuns foram: bacteremia (43%), meningite (42%) e meningite com bacteremia (14%). Além de meningite e/ou bacteremia, 11 indivíduos apresentaram síndrome de Waterhouse-Friderichsen.

De todos os casos, foram identificadas 153 mortes, o que corresponde a 12,5% dos casos. A mortalidade foi mais alta nos com anemia hemolítica, doença renal, cardiopatia e hepatopatia, e mais baixa nos com infecção pelo HIV, doenças genéticas e doenças neurológicas.

Entre os 153 casos de óbito, 54,9% não possuíam nenhuma comorbidade, 25,5% tinham uma comorbidade e 19,6% tinham duas ou mais comorbidades. Já entre os 791 casos sobreviventes, 74,1% não possuíam nenhuma comorbidade, 16,7% tinham 1 comorbidade, 5,3% tinham duas comorbidades e 3,9% tinham pelo menos três comorbidades. As odd ratios foram de 1,47 (IC 95% = 0,95-2,27) e de 1,66 (IC 95% = 1,00-2,76) para uma comorbidade e para duas ou mais comorbidades, respectivamente. Comparando-se casos de mortes em indivíduos com pelo menos uma comorbidade vs. casos em indivíduos sem comorbidades, a OR foi de 1,54 (IC 95% = 1,05 – 2,25).

Para todos os grupos de comorbidades, exceto as doenças gastrointestinais, houve associação com aumento de risco para doença meningocócica invasiva. Receptores de transplante de órgãos sólidos foram o grupo com maior força de associação, seguidos de pacientes com anemia hemolítica, doença renal, hepatopatia e câncer. Diabetes, doença neurológica e doença autoimune tiveram pequeno aumento no risco associado (OR = 1-2). O risco aumentou conforme o aumento no número de comorbidades, variando de OR = 1,58 (IC 95% = 1,34-1,86) para uma comorbidade a 3,52 (IC 95% = 2,53-4,89) para duas ou mais comorbidades.

Leia também: Metade dos pais não vacinou os filhos contra a doença meningocócica durante a pandemia

Mensagens práticas

  • Os resultados do estudo sugerem que a presença de comorbidades está associada a aumento de risco de desenvolvimento de doença meningocócica. Receptores de transplante de órgão sólido, indivíduos com anemia hemolítica, doença renal, hepatopatia e câncer foram os grupos com maior associação.
  • O fato de o estudo ter sido realizado com dados secundários faz com que esteja suscetível a alguns viéses como dados não registrados ou registrados de forma equivocada.

Referências bibliográficas

  • Lundbo, LF, Harboe, ZB, Sandholdt, H, Smith-Hansen, L, Valentiner-Branth, P, Hoffmann, S, Benfield, T. Comorbidity increases the risk of invasive meningococcal disease in adults. Clinical Infectious Diseases 2021 DOI: https://doi.org/10.1093/cid/ciab856

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