Um estudo retrospectivo foi desenvolvido no Reino Unido para avaliar o papel do rituximabe (anticorpo monoclonal anti-CD20) como terapia preemptiva para pacientes que apresentassem uma recaída laboratorial no diagnóstico de púrpura trombocitopênica trombótica de etiologia imune (PTTi). O objetivo primário do estudo era entender se essa abordagem terapêutica pode impedir ou retardar recaídas clínicas nos pacientes com diagnóstico de PTTi. A fisiopatologia dessa doença caracteriza-se pela formação de autoanticorpos anti-ADAMTS-13, uma metaloproteinase responsável pela clivagem dos multímeros de Von Willebrand. A inatividade enzimática leva a uma maior predisposição à formação de trombos na microvasculatura e, por conseguinte, a um quadro de microangiopatia trombótica. O estudo foi publicado no periódico Blood em janeiro de 2023.
O papel da monitorização
Antes de expormos os resultados do trabalho, devemos ressaltar a importância da monitorização da atividade da ADAMTS-13 nos pacientes em acompanhamento ambulatorial de longo prazo. Valores inferiores a 20% são definidores de recaída laboratorial isolada da doença caso não venham acompanhados de outras alterações, como plaquetopenia ou sinais clínicos (febre, alterações da função renal ou sinais e sintomas neurológicos).
Métodos
Os participantes incluídos deveriam ter mais de três anos de acompanhamento ambulatorial após diagnóstico do quadro agudo. Foram analisados 443 pacientes dos quais 40% apresentaram recaída da doença em um período de cinco anos de follow-up. Quando analisados os pacientes com 10 anos ou mais de acompanhamento, a taxa de recaída foi semelhante entre aqueles que haviam utilizado Rituximabe como terapia de fase aguda versus outra terapia padrão (ex: plasmaférese). Aproximadamente 60% dos diagnósticos de recaída foram laboratoriais (atividade da ADAMTS-13 < 20% sem outros sinais/sintomas associados.
Resultados
Dentre os pacientes que apresentaram recaída laboratorial, 96% responderam à terapia com anti-CD20. A resposta foi classificada como atividade da ADAMTS-13 > 20%.
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Conclusão e mensagem prática
A terapia anti-CD20 demonstrou ser um tratamento eficaz a longo prazo, independentemente do padrão de recaída e não houve perda dessa resposta ao tratamento após episódios de tratamento subsequentes.
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