Pacientes clinicamente graves permanecem com maior risco tromboembólico mesmo após alta hospitalar. No entanto, a tromboprofilaxia prolongada também pode ser prejudicial, principalmente devido ao risco de hemorragia. Alguns autores já avaliaram o benefício do uso prolongado dos novos anticoagulantes orais (NOACS), comparando com a profilaxia com heparina de baixo peso molecular, em pacientes graves.
Novos anticoagulantes orais na tromboprofilaxia
Meta-análise publicada em 2019, na revista Journal of Thrombosis and Thrombolysis, sintetizou os resultados de estudos randomizados de fase III, a fim de analisar a eficácia e segurança da tromboprofilaxia prolongada, no período após recuperação de condição grave.
Após revisão de mais de 2.300 artigos, os autores identificaram quatro estudos que foram conduzidos na tentativa de avaliar os riscos e benefícios dos NOACS na população recém-hospitalizada por condição aguda e grave:
- ADOPT (2011): comparação entre apixabana (2,5 mg 2x/dia por 30 dias) e enoxaparina (40 mg 1x/dia por 6-14 dias);
- MAGELLAN (2013): comparação entre rivaroxabana (10 mg 1x/dia por 31-39 dias) e enoxaparina (40 mg 1x/dia por 6-14 dias);
- APEX (2016): comparação entre betrixabana (80 mg 1x/dia por 35-42 dias) e enoxaparina (40 mg 1x/dia por 6-14 dias);
- MARINER (2018): comparação entre rivaroxabana (10 mg 1x/dia por 45 dias) e placebo.
Leia também: Uso de novos anticoagulantes orais (NOAC) no pré-operatório
Os resultados mostraram superioridade do uso das drogas por mais de 30 dias na redução do risco tromboembólico, quando comparadas ao uso de heparina por curto período de tempo ou ao placebo. Entretanto, a segurança não acompanhou a eficácia, havendo maior risco de complicações, incluindo sangramentos, no grupo dos NOACS.
Tais achados corroboram as recomendações da American Society of Hematology (ASH) e do American College of Chest Physicians (ACCP), que não orientam tromboprofilaxia prolongada após alta hospitalar, de forma rotineira.
Alguns pacientes até podem se beneficiar da profilaxia com NOACS nesse contexto, porém são necessários novos estudos para definição das características clínicas que indicariam tal conduta.
Mais da autora: Contracepção hormonal materna tem relação com risco de leucemia na infância?
Referências bibliográficas:
- Alshouimi, Reema A., et al. “The use of direct oral anticoagulants for extended duration thromboprophylaxis in medically ill patients: a systematic review and meta‑analysis.” Journal of Thrombosis and Thrombolysis 48.3 (2019): 422-429.
- Schunemann HJ, Cushman M, Burnett AE, Kahn SR, Beyer-Westendorf J, Spencer FA, Rezende SM, Zakai NA, Bauer KA, Dentali F, Lansing J, Balduzzi S, Darzi A, Morgano GP, Neumann I, Nieuwlaat R, Yepes-Nunez JJ, Zhang Y, Wiercioch W (2018) American Society of Hematology 2018 guidelines for management of venous thromboembolism: prophylaxis for hospitalized and nonhospitalized medical patients. Blood Adv 2(22):3198–3225.
- Kearon C, Akl EA, Comerota AJ, Prandoni P, Bounameaux H, Goldhaber SZ, Nelson ME, Wells PS, Gould MK, Dentali F, Crowther M, Kahn SR (2012) Antithrombotic therapy for VTE disease: antithrombotic therapy and prevention of thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians evidence-based clinical practice guidelines. Chest 141(2 Suppl):e419S–e496S.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.