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Hematologia17 abril 2020

Doença falciforme e coronavírus: quais as recomendações para esses pacientes?

Na pandemia de coronavírus, pacientes com doença falciforme devem ser considerados grupo de risco, já que têm condição que afeta o sistema imunológico.

No momento, estamos combatendo uma pandemia causada pelo novo coronavírus. Sabe-se que indivíduos idosos e/ou com comorbidades estão sujeitos a quadros mais graves, com consequente maior taxa de mortalidade. Pacientes com doença falciforme devem ser incluídos nesse grupo de risco, visto que sofrem asplenia funcional na infância, o que interfere no sistema imunológico, e desenvolvem lesões de órgãos-alvo ao longo dos anos (ex.: hipertensão pulmonar, cardiopatia).

Além disso, uma das principais causas de morbimortalidade entre os portadores de doença falciforme é a síndrome torácica aguda (STA), que se manifesta com dor torácica, tosse, dispneia, hipoxemia e infiltrado pulmonar, podendo resultar de vaso-oclusão na microcirculação pulmonar, embolia/infarto pulmonar ou infecção pulmonar. Dessa forma, existe uma grande preocupação de que a infecção pelo coronavírus nesse contexto possa resultar em complicações ainda mais graves: a STA pode ser desencadeada pela Covid-19.

Vale ressaltar que os pacientes com doença falciforme representam outros desafios durante a pandemia, uma vez que eles necessitam de atendimento em serviços de emergência com frequência (ex.: crises álgicas), o que pode resultar em problemas logísticos nesse momento.

Veja também: Coronavírus: qual o papel da anticoagulação em pacientes graves?

Diante desse cenário, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) divulgou recentemente algumas recomendações acerca da doença falciforme durante a pandemia por Covid-19.

Representação gráfica da corrente sanguínea de um paciente com coronavírus e doença falciforme.

Doença falciforme e coronavírus

Recomendações para pacientes sem suspeita de Covid-19:

  • Fazer isolamento social: sair de casa apenas para coleta de exames ou consultas médicas que não possam ser postergadas;
  • Lavar as mãos ou usar álcool gel várias vezes ao dia.

Os pacientes devem ser orientados a procurar atendimento de emergência em caso de crises falcêmicas (ex.: crise álgica severa ou refratária, síndrome torácica aguda).

Recomendações para pacientes com sintomas de Covid-19:

  • Procurar serviço de saúde e informar doença de base.

Cabe a equipe de saúde avaliar a gravidade do quadro e, consequentemente, a necessidade de exames complementares e de internação hospitalar. O manejo dos quadros graves deve seguir os protocolos estabelecidos, idealmente com o acompanhamento conjunto do hematologista assistente. Transfusão deve ser considerada em caso de piora da anemia, hipóxia e/ou alterações pulmonares à radiografia.

Até o momento, não há evidências científicas que corroborem a interrupção do uso de hidroxiureia, terapia eficaz na redução da frequência das crises álgicas, dos episódios de acidente vascular encefálico e da necessidade de hemotransfusão. Outras medicações usadas no suporte dos pacientes com doença falciforme, como ácido fólico e penicilina V, também devem ser mantidas, a princípio. Alguns estudos observacionais mostram um possível impacto negativo do ibuprofeno na evolução dos indivíduos infectados pelo coronavírus. Sendo assim, alguns autores recomendam evitar o uso do anti-inflamatório como adjuvante na analgesia, apesar de não haver consenso na literatura.

Referências bibliográficas:

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