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Hematologia6 dezembro 2025

ASH 2025: Nivolumabe-AVD mantém benefício de sobrevida livre

Resultado foi apresentado durante o congresso da American Society of Hematology a partir de um estudo de comparação ao Bv-AVD .

Na sessão de linfoma de Hodgkin que se deu no sábado do ASH 2025, foram apresentados os dados atualizados de 3 anos de seguimento do estudo S1826, que compara Nivolumabe-AVD (N-AVD) versus Brentuximabe Vedotina-AVD (BV-AVD) em pacientes com linfoma de Hodgkin clássico (LHC) estágio III–IV recém-diagnosticado. O estudo, conduzido pelo SWOG em colaboração com a Children’s Oncology Group, e apresentado pelo dr Alex Herrera (City of Hope),  trouxe resultados que reforçam de forma contundente o papel da imunoterapia anti-PD1 como backbone inicial no tratamento do Hodgkin avançado. 

Convém lembrar que estes resultados já não são novidade desde outubro de 2024, quando os resultado iniciais foram publicados no NEJM. Aqui, a apresentação focou em uma análise mais madura do ensaio, com foco em avaliar a durabilidade da resposta, explorar desempenho em subgrupos de maior risco e comparar os resultados com outros grandes estudos contemporâneos de LHC avançado. Vamos ao que importa, então: 

Desenho do estudo S1826 

O S1826 randomizou 994 pacientes (1:1) para: 

  • N-AVD por 6 ciclos

    Nivolumabe 240 mg dias 1 e 15
     

  • Doxorrubicina, Vinblastina e Dacarbazina (dias 1 e 15)  (n=487 eficácia; n=482 segurança)
     
  • BV-AVD por 6 ciclos
    Brentuximabe 1,2 mg/kg dias 1 e 15
     
  • AVD (n=483 eficácia; n=476 segurança)
     

Aqui um esquema destes protocolos: 

 

O endpoint primário foi PFS, com seguimento mediano de 3,1 anos na presente análise. As características basais mostraram uma população jovem (mediana de 27 anos), com alto risco, incluindo 63% estágio IV, 55% com sintomas B e distribuição equilibrada de IPS (slide 5). 

Principais resultados da atualização de 3 anos  

O estudo confirma, e até ampliam, a diferença previamente observada: 

  • 3-year PFS:

    N-AVD: 91%

    BV-AVD: 82%

    HR 0,48 (p<0,0001)

    O benefício é consistente ao longo de todo o acompanhamento, demonstrando que a adição de nivolumabe promove um controle de doença mais duradouro. 

 

Análise por subgrupos 

Na análise de subgrupo, ficou claro que  os subgrupos avaliados favorecem N-AVD, sem perda de eficácia mesmo em pacientes de maior risco. 

Alguns destaques: 

Por idade 

  • Adolescentes (12–17 anos):

    PFS 3 anos: 93% vs 82% (p=0,004) 
     

  • Adultos 18–60 anos:

    PFS 3 anos: 91% vs 85% (p=0,015) 
     

  • ≥ 61 anos:

    PFS 3 anos: 82% vs 58% (p=0,003)

    → O maior benefício relativo foi justamente nos pacientes mais idosos, onde BV-AVD costuma ser mais tóxico.
     

Por IPS 

  • IPS 0–3: HR significativamente favorável ao N-AVD
     
  • IPS 4–7: benefício preservado 
     

Por estadiamento 

  • Estágio III: p=0,008
     
  • Estágio IV: p=0,004

      

EFS 

Os dados de event-free survival reforçam a mensagem de durabilidade: 

  • 3-year EFS:

    N-AVD: 87%

    BV-AVD: 80%

    (slide 13)
     

Sobrevida global 

A OS continua elevada em ambos os braços e sem diferença significativa até o momento: 

  • Óbitos: 8 no N-AVD vs 15 no BV-AVD
     

Em resumo, os principais achados deste estudo estão descritos abaixo: 

Tabela resumida dos principais resultados 

 

Desfecho N-AVD BV-AVD HR / p 
PFS 3 anos 91% 82% HR 0,48, p<0,0001 
EFS 3 anos 87% 80%  
OS (óbitos) 8 15  
PFS adolescentes 93% 82% p=0,004 
PFS 18–60 anos 91% 85% p=0,015 
PFS ≥ 61 anos 82% 58% p=0,003 

Como conclusão da apresentação, o autor ressaltou: 

  • O benefício de PFS do N-AVD sobre o BV-AVD permanece robusto após 3 anos.
     
  • O benefício é consistente em todos os subgrupos, incluindo idosos, pacientes com alto IPS e estágio IV.
     
  • N-AVD deve ser considerado o novo padrão de tratamento para LHC avançado, apoiado agora como recomendação Categoria 1 pela NCCN.
     

Ainda dentro deste assunto, o autor ressaltou importantes resultados  paralelos que estão sendo explorados nessa população. São eles? 

  • Desempenho do índice prognóstico molecular A-HIPI
     
  • ctDNA como preditor superior ao PET
     
  • Limitações do PET interino em prever PFS no contexto de N-AVD
     

 

Como isso muda nossa prática no Brasil? 

Até dezembro de 2025, o nivolumab ainda não tem aprovação para uso em primeira linha de linfoma de hodgkin, mas vamos ver se com estes resultados tão robustos, isso irá se modificar! 

 

Autoria

Foto de Luiza Lapolla Perruso

Luiza Lapolla Perruso

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Referências bibliográficas

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