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Ginecologia e Obstetrícia31 março 2020

Possível transmissão vertical de SARS-CoV-2 de mãe infectada para seu recém-nascido

A infecção pelo SARS-CoV-2 é altamente infecciosa e com múltiplas vias de transmissão, todavia existe uma controvérsia sobre transmissão vertical.

Por Camilla Luna

A Covid-19, doença causada pelo SARS-CoV-2 é altamente infecciosa e com múltiplas vias de transmissão, todavia existe uma controvérsia se ele pode ser transmitido verticalmente em gestantes. No último dia 26, foi publicado um artigo no JAMMA Network que sugeriu a transmissão vertical de um bebê nascido de mãe Covid-19 positivo.

Transmissão vertical por Covid-19

O estudo foi realizado pelo Hospital Renmin, Wuhan, China e consistiu na avaliação de um caso de uma mãe Covid-19 positivo e seu recém-nascido (RN). As informações foram advindas da análise de prontuário e entrevista. Tanto a mãe quanto o RN foram submetidos a tomografia computadorizada (TC) de tórax e reação em cadeia de polimerase de transcriptase reversa (RT-PCR) para a Covid-19 em secreções nasofaríngeas, dosagem sérica de anticorpos IgM e IgG, citocinas, e a mãe foi submetida a testes de RT-PCR das secreções vaginais no parto.

A gestante de 29 anos, primara, 34 semanas e 2 dias de idade gestacional. Evoluiu com febre (37,9 ºC) e congestão nasal, posteriormente apresentou dispneia com TC de tórax evidenciando opacidade irregulares com padrão em vidro fosco na periferia de ambos os pulmões. O resultado do swab nasofaríngeo para RT-PCR foi positivo, bem como os quatro testes realizados para contra prova. Os níveis de anticorpos IgG e IgM para Covid-19 foram 107,89 AU/mL e 279,72 AU/mL, respectivamente (valor de referência IgG e IgM normais < 10 AU/mL), e o RT-PCR da secreção vaginal foi negativo. A paciente foi internada e submetida a tratamento com antivirais, antibióticos, corticoide e oxigenoterapia.

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A via de parto foi cesariana, realizada em uma sala operatória em isolamento e com pressão negativa, a mãe em uso de máscara N95 e o bebe não foi apresentado a mesma ao nascer, sendo automaticamente colocado em quarentena na unidade de terapia intensiva neonatal. O RN nasceu pesando 3.120 g com APGAR 9/10, sexo feminino. Após 2h do nascimento os níveis de anticorpos IgG e IgM para Covid-19 do RN era de 140,32 AU/mL e 45,83 AU/mL – respectivamente, as citocinas estavam elevadas bem como os leucócitos e a TC de tórax normal. As medidas adequadas foram tomadas e o RN e a mãe receberam alta em bom estado.

Conclusões

Todavia, esse estudo sugere que houve uma transmissão vertical do vírus, uma vez que o RN apresentava níveis elevados de IgG, IgM e citocinas 2h após o parto. Já é sabido que não há transferência de IgM pela placenta, desse modo sugere-se que o RN foi infectado intraútero e após a exposição ao vírus evoluiu com sua produção, uma vez que para o IgM torna-se positivo leva de 3 a 7 dias após a infecção.

Não é possível descartar totalmente a contaminação intra parto, porém os testes de secreção vaginal foram negativos, tornando a possibilidade baixa – porém não houve avaliação da presença do vírus no líquido amniótico. Contudo, faz-se necessário mais estudos para melhor avaliação da possibilidade dessa via de transmissão bem como as repercussões possíveis durante a gestação.

Referências bibliográficas:

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