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Ginecologia e Obstetrícia28 fevereiro 2024

Estudo sueco aborda a associação de depressão perinatal e mortalidade

A depressão perinatal é definida como a depressão que ocorre durante a gravidez (antenatal) ou semanas após o parto (pós-parto)
A depressão perinatal afeta cerca de 10 a 20% das mulheres. Sabe-se que essa morbidade tem risco aumentado de mortalidade materna, suicídio e outros desdobramentos que afetam a qualidade de vida. Diante de evidências que a depressão perinatal está associada com o aumento da mortalidade materna, um grupo de autores suecos desenvolveram um estudo, cujo objetivo foi investigar essa associação na população da Suécia. O resultado desse estudo, foi publicado recentemente no British Medical Journal.

Metodologia

Trata-se de um estudo de coorte de base nacional. Foram identificadas todas as gestações no registro médico de nascimento sueco entre 1º de janeiro de 2001 e 31 de dezembro de 2017 (n=1.803.987; 1.041.419 mulheres). Foram excluídas gestações múltiplas (n=51.806), gestações subsequentes por depressão perinatal incidente (n=35.133) ou gestações com registros incompletos ou errôneos (n=681), restando 1.716.367 gestações de 1.029.215 mulheres. Foram identificadas 86.551 mulheres que receberam o primeiro diagnóstico de depressão perinatal (ou seja, sem diagnóstico prévio) através de registro de atendimento especializado ou tratadas com antidepressivos. Leia mais: O que preciso saber para o atendimento de asfixia perinatal? Para cada mulher afetada, foram selecionadas aleatoriamente dez mulheres que não apresentavam esse distúrbio na base do estudo e pareadas usando um método de amostragem por densidade de incidência. O desfecho primário foi óbito por qualquer causa, enquanto os desfechos secundários foram óbitos por causas específicas. Enquanto a variável exposição foi depressão perinatal, definida como qualquer diagnóstico de depressão por meio de atendimento especializado ou dispensação de antidepressivos durante a gestação e até um ano após o parto.

Principais achados

Foram notificados 522 óbitos (0,82 por 1.000 pessoas/ano) entre mulheres com diagnóstico de depressão perinatal. A idade mediana dessas mulheres foi de 31 anos. Quando comparadas a mulheres sem esse diagnóstico, a depressão perinatal estava associada a um risco aumentado de morte (RR 2,11; IC95% 1,86-2,40). Esse risco de morte parece ser maior na depressão pós-parto que naquela anteparto (HR 2,71; IC95% 2,26-3,26 vs 1,62; IC 95%, 1,34-1,94). A associação foi mais pronunciada no primeiro ano após o diagnóstico, mas permaneceu até os 18 anos de seguimento do estudo. Quanto as causas, a associação mais fortes foi observada com o suicídio.

Conclusões e mensagem final

Esse artigo acrescenta a literatura vigente que mulheres com depressão perinatal clinicamente diagnosticada apresentam risco aumentado de mortalidade, independentemente da história psiquiátrica e de fatores familiares. A associação é mais forte para morte não natural, particularmente devido ao suicídio, e durante o primeiro ano após o diagnóstico. Esses dados corroboram a importância que o tema saúde mental deve ser pautada nos sistemas de saúde. E especialmente a saúde mental da população obstétrica, outrora muito ignorado, vem mostrando cada vez mais sua prevalência e associação com desfechos desfavoráveis na saúde materno-infantil. Leia ainda: Doença hemolítica perinatal: como manejar?
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Referências bibliográficas

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