Uma análise da Universidade de Campinas (Unicamp) avaliou o impacto da raça em desfechos maternos e perinatais de gestantes com covid-19 no Brasil, utilizando dados do REBRACO (Rede Brasileira em estudos do covid-19 em Obstetrícia), uma coorte multicêntrica que coletou informações de 729 mulheres com sintomas respiratórios em 15 maternidades brasileiras entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021.
Metodologia
Para esta subanálise foram selecionadas 285 mulheres com testes positivos para covid-19, 120 classificadas como negras e 165 não negras. A classificação de raça seguiu os parâmetros do IBGE para o qual a população negra inclui pessoas que se autodeclaram negros ou pardos, a população não negra foi constituída das outras autodeclarações (branco, amarelo ou indígena).
Também foram utilizados e comparados dados sociodemográficos, caraterísticas obstétricas e comorbidades. A maior parte das mulheres vivia na região Sudeste, com a região Norte-Nordeste (agrupadas para o estudo) em segundo lugar para mulheres negras e a Sul para mulheres não negras.
Achados
O estudo encontrou uma maior dependência do sistema público de saúde por parte de mulheres negras, 75,5%, contra 68,3% para mulheres não negras, também foi verificada uma frequência maior de desfechos adversos nessa população. Mulheres negras tinham maior probabilidade de serem admitidas com dessaturação (OR 3,723, CI 1,408–9,844) e SRAG (OR 2,216, CI 1,166–4,211), juntas essas condições aumentavam a necessidade de cuidado intensivo entre essas mulheres. Óbito materno foi significativamente maior entre mulheres negras (7,8%) comparado com o grupo de mulheres não negras, 2,6%, (p = 0,048).
Conclusão do estudo
Considerando a maior probabilidade de mulheres negras grávidas ou puérperas com covid-19 terem maior probabilidade de apresentar dessaturação, SRAG e internação em UTI; além do maior índice de mortalidade, para as autoras são necessárias medidas para reduzir as disparidades raciais nos desfechos da gravidez e discutir as causas dessas disparidades.
Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED.
Autoria

Augusto Coutinho
Jornalista formado pela Universidade Estácio de Sá (UNESA) em 2009, com extensão em Produção Editorial (UNESP) e Planejamento Digital (M2BR Academy).
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