Em maio de 2021 a vacinação contra Covid-19 para gestantes e puérperas precisou passar por um ajuste após algumas gestantes apresentarem desfechos desfavoráveis decorrentes de eventos tromboembólicos após a vacinação com a vacina Astrazeneca/Oxford. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a vacinação das gestantes e puérperas com esta vacina, mas a grande questão no momento era como terminar o esquema vacinal das pacientes que já haviam tomado a primeira dose. Visto que existe uma grande preocupação com o aumento da mortalidade materna no Brasil durante a pandemia. Afinal foram notificados até o dia 14 de Julho de 2021, 462 casos em 2020 e 1204 casos em 2021, o que representa 10 mortes maternas por semana em 2020 e 44 mortes maternas por semana em 2021 (SIVEP-Gripe).
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O que fazer?
Com o objetivo de orientar médicos obstetras e a população no geral, a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) emitiu uma nota no dia 16 de Julho de 2021 de como devemos proceder em relação às gestantes e puérperas que necessitam completar o esquema vacinal mas não podem tomar a segunda dose da vacina Astrazeneca/Oxford. Lembrando que no Brasil aproximadamente 15.000 mulheres tomaram a primeira dose da Oxford/AstraZeneca durante a gestação ou se tornaram gestantes após o recebimento da primeira dose.
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Segundo a SOGESP, deve ser disponibilizada para todas as mulheres que estejam gestantes ou puérperas no Estado de São Paulo, e que receberam a primeira dose da vacina contra Covid-19 Oxford/AstraZeneca, a possibilidade de completar seu esquema vacinal com a Pfizer Biontech (Cominarty®) ou, na indisponibilidade desta, com a vacina Butantan/Sinovac (Coronavac®), a ser administrada em intervalo de no mínimo 8 semanas após a primeira dose. A nota emitida pela Dr.ª Rossana Pulcineli ainda ressalta que no Estado de São Paulo há circulação da variante Delta e que uma dose da vacina Oxford/AstraZeneca não confere boa imunidade contra esta variante. De acordo com Borobia (2021) a utilização da vacina Oxford/AstraZeneca seguida da Vacina da Pfizer, administrada em 8 a 12 semanas após a dose de Oxford/AstraZeneca, resultou em boa imunogenicidade e poucos efeitos colaterais. Portanto, temos respaldo na literatura para prosseguir com essa orientação.
No dia 23 de Julho de 2021 o Ministério da Saúde emitiu a nota técnica nº6/2021, na qual faz a mesma orientação que a SOGESP em relação a aplicação da segunda dose da vacina contra Covid-19 nas gestantes e puérperas que tomaram a primeira dose da AstraZeneca, antes do seu uso ser proscrito pela ANVISA.
Mensagem final
Importante lembrar que não é necessário relatório ou prescrição médica ou ainda qualquer outro documento além daqueles que comprovam a gestação ou o puerpério, assim como ocorre na vacinação contra gripe e dTpa. E que todos os médicos têm o dever de orientar e estimular a população a vacinar contra Covid-19 para que assim possam melhorar os índices de mortalidade nessa pandemia.
Referências bibliográficas:
- Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo. Posicionamento SOGESP Vacinação contra covid-19 para gestantes e puérperas que tomaram a primeira dose de vacina Astrazeneca/Oxford. São Paulo: SOGESP. Disponível em: https://www.sogesp.com.br/noticias/posicionamento-sogesp-vacinacao-contra-covid-19-para-gestantes-e-puerperas-que-tomaram-a-primeira-dose-de-vacina-astrazenecaoxford/
- Ministério da Saúde (BR). NOTA TÉCNICA Nº 6/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS. Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à COVID-19. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2021. Disponível em: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/secovid-nt-n6-2021-intercambialidade.pdf
- Borobia AM, et al. Reactogenicity and Immunogenicity of BNT162b2 in Subjects Having Received a First Dose of ChAdOx1s: Initial Results of a Randomised, Adaptive, Phase 2 Trial (CombiVacS). doi: 10.2139/ssrn.3854768.
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