Logotipo Afya
Anúncio
Ginecologia e Obstetrícia19 outubro 2021

Coombs indireto: quando solicitar, como interpretar e como proceder?

Para identificar se a gestante Rh negativa criou anticorpos, é necessário solicitar o exame de coombs indireto mensalmente para todas Rh negativas.

A doença hemolítica foi a maior causa de mortalidade e morbidade perinatal até 1970. Esta patologia acontece quando a gestante é Rhesus (Rh) negativa e o feto é Rh positivo.

Durante a primeira gestação, quando a mãe Rh negativa tem contato com o sangue do bebê Rh positivo, principalmente durante o parto, ela cria anticorpos contra a proteína Rh. Esses anticorpos não irão causar dano nenhum à mãe, porém podem chegar a ser fatal ao feto, Rh positivo, que tiver contato com eles em uma próxima gestação.

médica conversando sobre coombs indireto com mulher grávida

Coombs indireto

Para identificar se a gestante Rh negativa criou anticorpos contra a proteína Rh devemos solicitar o exame de coombs indireto mensalmente para todas as gestantes Rh negativas. Deste modo, conseguimos identificar os fetos com risco de anemia fetal e doença hemolítica perinatal, para podermos iniciar propedêutica fetal adequada. Além disso, podemos realizar a profilaxia com imunoglobulina anti-D na gestante, evitando que essa mãe desenvolva anticorpos contra a proteína Rh.

Coombs, Mourant e Race descreveram em 1945 o teste da antiglobulina indireta (TAI), o famoso coombs indireto que solicitamos para as gestantes Rh negativas. A utilização do soro antiglobulina humana, na avaliação imunológica eritrocitária, é uma importante descoberta da medicina transfusional. Devido à facilidade de execução do teste antiglobulina e a informação diagnóstica que fornecida contribuindo para sua utilização em larga escala até os dias atuais.

Orientações

De acordo com a FEBRASGO, para evitar a doença hemolítica perinatal devemos primeiro triar as gestantes solicitando tipagem sanguínea e fator Rh. Este último vindo negativo, devemos solicitar o coombs indireto mensalmente, e se em algum momento o mesmo vier positivo, devemos referenciar a gestante para um serviço terciário de medicina fetal, para assim iniciar o protocolo de anemia fetal através da avaliação do índice de pulsatilidade da artéria cerebral média.

Geralmente a repercussão fetal ocorre com titulações de anti-D ≥ 16, pois níveis inferiores não cursam com anemia fetal moderada ou grave na maioria dos casos. Diversos autores ressaltam que não devemos solicitar coombs indireto de controle após o primeiro positivo, pois isso não muda o prognóstico ou a terapêutica fetal. Além disso, não devemos esquecer, que após a realização da imunoglobulina anti-D na gestante ou puérpera de maneira profilática fará com que o coombs indireto fique positivo por um tempo, não devendo ser solicitado caso isso ocorra.

Leia também: Saiba como realizar o manejo da perda gestacional precoce

A imunoglobulina anti-D deve ser administrada em toda gestante Rh negativa com coombs indireto negativo com 28 semanas de gestação; até 72 horas após o parto de recém-nascido Rh positivo ou de fator Rh desconhecido; até 72 horas após procedimento/evento (que leve a risco de sensibilização materna).

São consideradas condições que aumentam o risco de sensibilização materna ao antígeno Rh: presença de sangramento vaginal materno; abortamento, gestação molar ou gestação ectópica; procedimento invasivo intrauterino; cirurgia fetal intraútero; óbito fetal; versão cefálica externa; trauma abdominal.

 

Referências bibliográficas:

  • Agrawal A, Hussain KS, Kumar A. Minor blood group incompatibility due to blood groups other than Rh(D) leading to hemolytic disease of fetus and newborn: a need for routine antibody screening during pregnancy. Intractable Rare Dis Res. 2020 Feb;9(1):43-47. doi: 10.5582/irdr.2019.01094. PMID: 32201675; PMCID: PMC7062592.
  • Sahoo T, Sahoo M, Gulla KM, Gupta M. Rh Alloimmunisation: Current Updates in Antenatal and Postnatal Management. Indian J Pediatr. 2020 Dec;87(12):1018-1028. doi: 10.1007/s12098-020-03366-0. Epub 2020 Jul 1. PMID: 32607667.
  • Raguz MJ, Prce Z, Bjelanovic V, Bjelanovic I, Dzida S, Mabic M. 20 Years of Follow-up Alloimmunization and Hemolytic Disease in Newborn: Has Anything Changed in the Field Over the Years? Klin Padiatr. 2020 Nov;232(6):314-320. English. doi: 10.1055/a-1248-2329. Epub 2020 Oct 15. PMID: 33063311.
  • Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Doença hemolítica perinatal. São Paulo: FEBRASGO; 2020 (Protocolo FEBRASGO-Obstetrícia, n. 85/Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal).
  • McBain RD, Crowther CA, Middleton P. Anti-D administration in pregnancy for preventing Rhesus alloimmunisation. Cochrane Database of Systematic Reviews 2015, Issue 9. Art. No.: CD000020. DOI: 10.1002/14651858.CD000020.pub3
  • Maayan-Metzger A, Schwartz T, Sulkes J, Merlob P. Maternal anti-D prophylaxis during pregnancy does not cause neonatal haemolysis. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2001 Jan;84(1):F60-2. doi: 10.1136/fn.84.1.f60. PMID: 11124929; PMCID: PMC1721201.
  • Imuno‑hematologia laboratorial / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.
Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo