Associação entre níveis de vitamina D no segundo trimestre de gravidez e diabetes mellitus gestacional
Deficiência de vitamina D na gravidez e diabetes mellitus gestacional são duas comorbidades de alta prevalência na população mundial.
Alguns artigos publicados na literatura têm demonstrado uma associação entre deficiência de vitamina D na gestação e a incidência de diabetes mellitus gestacional (DMG). Por outro lado, outros trabalhos não conseguiram demonstrar essa associação, deixando o assunto um pouco controverso.
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Análise recente
O artigo descrito neste texto é mais um dos projetos que analisou essa associação, tentando clarificar essa proposição.
Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal, desenvolvido em um centro de saúde na China. As mulheres gestantes que eram atendidas por esse centro, nos anos de 2019 e 2020 foram convidadas a participar. Essas participantes eram submetidas a uma entrevista com coleta de informações demográficas, sociais e clínicas e análise dos resultados de exames laboratoriais coletados no pré-natal, mais especificamente vitamina D através da 25(OH)D (16 a 20 semanas) e o teste de tolerância a glicose para diagnóstico de DMG (24 a 28 semanas).
A deficiência de vitamina D foi definida como valores abaixo ou igual de 26 ng/dl e o diagnostico de DMG seguiu os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). As mulheres foram então divididas em dois grupos: deficiência e não deficiência de vitamina D.
Foram analisados dados de 247 mulheres. A proporção de mulheres com deficiência de vitamina D foi de 55,47% e 19,43% dessas gestantes foram diagnosticadas com DMG.
A incidência de DMG foi maior no grupo com deficiência de vitamina D (p=0,039). E os níveis de vitamina D eram menores no grupo com DMG [21,69 (16,74–28,72) ng/ml vs. 25,68 (18,51–31,33) ng/ml, p=0,029].
No modelo de regressão logística, o nível de vitamina D dosado no segundo trimestre foi significativamente associado a DMG. O risco de DMG caiu 0,44% para cada aumento de 1 ng/dl de 25(OH)D (OR=0,959, IC 95%=0,920–0,999, p=0,044). O risco de DMG no grupo com suficiência de vitamina D foi cerca de 50% menor do que no grupo com deficiência (odds ratio [OR]=0,491, IC 95% =0,243–0,989, p=0,047).
Mensagem prática
As conclusões dos autores foram que concentrações adequadas de vitamina D através da dosagem de 25(OH)D parece reduzir o risco de diabetes mellitus gestacional (DMG). Dado que reforça a indicação de rastreio de rotina durante o pré-natal, defendido por várias sociedades, inclusive brasileiras. O rastreio se faz importante, uma vez que a prevalência é alta, a deficiência é assintomática e a correção é relativamente simples através da suplementação.
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