Esta semana, falamos no Portal PEBMED sobre disfagia secundária à clozapina. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, vamos falar sobre a apresentação clínica dos vários tipos de disfagia.
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[box type="warning" align="aligncenter" class="" width=""]Este conteúdo deve ser utilizado com cautela, e serve como base de consulta. Este conteúdo é destinado a profissionais de saúde. Pessoas que não estejam neste grupo não devem utilizar este conteúdo. [/box]
Anamnese
O primeiro passo é determinar se a disfagia é orofaríngea (de transferência) ou esofágica (de condução). Na primeira, o paciente relata dificuldade de iniciar a deglutição, com episódios de engasgo, tosse pós-deglutição, rouquidão e regurgitação nasal; já na segunda, ocorre uma sensação de interrupção do alimento no esôfago, que o paciente refere como se estivesse com algo "entalado no peito". Na sequência, devemos avaliar quais tipos de alimentos provocam a disfagia, pois isso auxilia no diagnóstico diferencial de causas mecânicas e motoras. Quando ocorre disfagia apenas para alimentos sólidos, há maior probabilidade de disfagia mecânica por lúmen não muito reduzido; se essa disfagia progride para sólidos e líquidos, devemos considerar a possibilidade de uma obstrução mecânica avançada. As disfagias motoras afetam igualmente os sólidos e os líquidos desde o início do quadro. Por fim, a cronologia da queixa pode auxiliar no diagnóstico: disfagia transitória pode acontecer devido a processos inflamatórios; algumas disfagias motoras podem ter caráter intermitente; disfagia para sólidos rapidamente progressiva sugere carcinoma; disfagia para sólidos lentamente progressiva em pacientes com queixa de DRGE sugere estenose péptica; disfagia episódica intermitente, para sólidos, por vezes com impactação alimentar, sugere doença estrutural benigna, como anéis ou "teias" esofágicos ou esofagite eosinofílica. É fundamental avaliar ainda a presença de sinais de alarme:- Início após 50 anos;
- Presença de sangramento;
- Odinofagia;
- Perda de peso;
- Vômitos.
- Tabagismo: câncer de cavidade oral, orofaringe e/ou esôfago;
- Rouquidão: distúrbios neuromusculares, câncer de esôfago, estenose péptica com sintomas atípicos da DRGE;
- Sibilos (principalmente unilaterais): massa de mediastino com comprometimento esofágico e brônquico;
- Perda de peso desproporcional à disfagia: câncer de esôfago;
- Sintomas de refluxo ou passado de DRGE: estenose péptica;
- Tentativa de autoextermínio através de ingestão de cáusticos (mais comum: soda cáustica): estenose cáustica;
- Passado de radioterapia: esofagite actínica;
- HIV positivo ou SIDA: candidíase esofágica, esofagite por herpes simples ou CMV, sarcoma de Kaposi, linfoma;
- Sinais sugestivos de anemia: câncer de esôfago, síndrome de Plummer-Vinson;
- Massa palpável: câncer de esôfago;
- Dor torácica: espasmo esofagiano difuso, esôfago em quebra-nozes;
- Cardiopatia associada: doença de Chagas;
- Casa de pau-a-pique/morador de áreas endêmicas: acalásia por doença de Chagas;
- Espessamento cutâneo, esclerodactilia, fenômeno de Raynaud: esclerose sistêmica, doença mista do tecido conjuntivo;
- Fraqueza muscular: miopatias inflamatórias, distrofias musculares;
- Tilose palmo-plantar: câncer de esôfago;
- Ptose palpebral e fatigabilidade: miastenia grave;
- Déficits focais: AVE.
Exame Físico
Com relação à disfagia propriamente dita, o exame físico é habitualmente pobre. A inspeção da cavidade oral e da orofaringe pode evidenciar alguma lesão obstrutiva que justifique os sintomas do paciente. O maior valor do exame físico nesses casos é no diagnóstico diferencial das diversas doenças sistêmicas que podem cursar com disfagia, tanto orofaríngea quanto esofágica. No caso da disfagia orofaríngea, os seguintes achados no exame físico sugerem doenças específicas:- Déficits neuromusculares: déficits neurológicos focais (sugestivos de AVE), paralisia bulbar ou pseudobulbar, fraqueza muscular generalizada ou em padrões específicos (distrofias musculares, miopatias inflamatórias);
- Sinal de Gottron, heliótropo: dermatomiosite;
- Redução no arco de movimento da coluna cervical: hiperostose esquelética difusa idiopática (DISH), com compressão esofágica extrínseca;
- Bócio tireoidiano/câncer de tireoide: lesão do nervo laríngeo recorrente.
- Sinais de desnutrição: câncer de esôfago;
- Sibilos (principalmente unilaterais): massa de mediastino com comprometimento esofágico e brônquico;
- Massa palpável: câncer de esôfago;
- Sinais sugestivos de anemia: câncer de esôfago, síndrome de Plummer-Vinson;
- Candidíase orofaríngea: candidíase esofagiana, associação com esofagites infecciosas ou tumores (sarcoma de Kaposi, linfoma);
- Cardiopatia associada (presença de B3, crepitações bibasais, turgência jugular patológica, refluxo hepatojugular): doença de Chagas;
- Espessamento cutâneo, esclerodactilia, fenômeno de Raynaud: esclerose sistêmica, doença mista do tecido conjuntivo.
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