A Doença Inflamatória Intestinal (DII), incluindo a Doença de Crohn (DC), impõe desafios financeiros importantes. Embora não haja estudos específicos da América Latina, dados dos Estados Unidos (EUA) indicam que pacientes com DII possuem custos de saúde que são o dobro dos não pacientes com DII, devido a medicamentos de custo elevado e questões de saúde associadas. Na América Latina (LATAM), temos esses desafios ainda mais latentes, implicando inclusive em insegurança alimentar, visto que uma alta porcentagem da população na LATAM sofre de insegurança alimentar moderada a severa. Essa realidade complica as intervenções dietéticas, pois o acesso limitado a alimentos suficientes podem direcionar os pacientes a opções como ultraprocessados mais baratos, que são menos nutritivos.
Grupos específicos de pacientes, como crianças e idosos, enfrentam custos ainda mais elevados, agravando a carga financeira sobre os sistemas de saúde e as famílias.
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Orientação alimentar e soluções: Como podemos fazer na prática?
- Estratégias dietéticas práticas para ajudar os pacientes a gerenciar a DII de maneira econômica:
- Selecionar frutas e verduras da estação, acessíveis, pode mitigar os altos custos alimentares.
- Educar os pacientes a ler rótulos de alimentos os capacita a tomar decisões mais assertivas;
- Escolher alimentos tradicionais e locais em vez de dietas processadas pode melhorar a nutrição e a aceitabilidade.
Estudos da Espanha e Israel: Aspectos da dieta de exclusão
- Estudos da Espanha revelam que dietas especializadas para a DC, embora mais caras que as compras normais de supermercado, podem, em última análise, oferecer uma alternativa mais barata a alguns tratamentos médicos, isso quando avaliado os custos totais com a saúde e potenciais complicações relacionadas ao manejo desse paciente.
- O estudo israelense apoia o uso de uma dieta de exclusão da DC como uma estratégia para potencialmente reduzir a dependência de medicamentos, oferecendo uma opção de manutenção custo-efetiva quando combinada com biológicos. Importante ter uma visão crítica de estudos que foram realizados com subsídio da indústria, para uma interpretação mais precisa dos dados.
Superando barreiras: Vejam outras estratégias que podem auxiliar no manejo desses pacientes
A participação dos cuidadores, especialmente dos pais, é fundamental. Recursos educacionais, como listas de alimentos e folhetos, podem facilitar as compras e o cozimento.A falta de recursos clínicos, experiência e equipes multidisciplinares dentro dos sistemas de saúde apresenta barreiras. Nutricionistas são membros essenciais dessas equipes, oferecendo conhecimento claro e objetivo sobre ajustes alimentares.
A adesão às recomendações dietéticas continua sendo um obstáculo significativo. Incentivar hábitos alimentares mais saudáveis e reduzir o consumo de alimentos ultra-processados pode prolongar a remissão em pacientes com DC, mesmo que a adesão total ao programa dietético não seja alcançada.
Mensagem prática
- A dieta é essencial no manejo da DC e que qualquer estratégia terapêutica deve integrar contextos culturais, econômicos e sociais.
- Muitos estudos existentes não consideram a disponibilidade e a acessibilidade alimentar na América Latina, sendo essa uma potencial linha de pesquisa futura.
- Orientações nutricionais são fundamentais para todos os pacientes com DII, sendo a papel do nutricionista inegociável;
- Ao adotar uma abordagem centrada no paciente que considere tanto fatores de saúde quanto de estilo de vida, os profissionais de saúde podem melhorar os resultados do tratamento para aqueles que vivem com DII.
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