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Nesse segundo artigo sobre cirurgias eletivas colorretais, abordaremos a próxima fase: a pré operatória.
1. Prevenção de náusea e vômitos |
Consequências da não prevenção = desidratação, retardo na reintrodução da dieta, colocação de SNG, necessidade de manutenção de hidratação IV, maior tempo de internação, maiores custos. |
Alto nível de evidência
– Prevenção de náuseas e vômitos: Pacientes com 1-2 fatores de risco devem receber uma combinação de 2 classes de drogas, já pacientes com mais de 2 fatores de risco devem receber mais de 3 classes de drogas antieméticas. – Uso de diferentes classes de antieméticos: antagonistas dopaminérgicas (droperidol e metoclopramida), antagonistas do receptor 5HT3 (ondansetrona) e corticosteroides (dexametasona), antagonistas de receptores muscarínicos (escopolamina), antihistamínicos (prometazina), além da gabapentina, pregabalina e analgesia com paracetamol. Estratégias alternativas são sugeridas como aromaterapia, acupuntura, hipnose, técnicas de relaxamento, elevadas concentrações de oxigênio inalado. |
2. Medicação pré-anestésica |
MOTIVO: A ansiedade no pré operatório pode aumentar a necessidade de drogas analgésicas no per-operatório e a incidência de complicações no pós-operatório. |
Moderado nível de evidência
– Evitar medicação sedativa de rotina: Estratégias de comunicação com paciente devem ser mais utilizadas que a prescrição indiscriminada de ansiolíticos. O uso de benzodiazepínicos, opioides e beta-bloqueadores deve ser evitado. Para tanto, pode-se administrar gabapentina ou pregabalina por via oral em dose baixa e única. Outras sugestões são: melatonina (tabletes ou sublingual) e paracetamol. |
3. Profilaxia antimicrobiana |
Alto nível de evidência
– Antibioticoprofilaxia venosa: Preferência pela associação de cefalosporina + metronidazol. Deve ser realizada 60 minutos antes da cirurgia, sem demonstração de qualquer benefício na realização de ‘repique de dose’. – Antissepsia com clorexidine alcoólica. |
Baixo nível de evidência
– Antibiótico por VO: Sua administração associada a medicação IV é controversa. É sugerido o uso 18-24h antes da cirurgia, com justificativa de inibir patógenos oportunistas locais no lúmen intestinal, diminuindo incidência de infecções no pós operatório quando comparada o uso isolado da terapia IV. Deve ser prescrito mediante a realização de preparo colônico. – Descontaminação da pele: Tricotomia de rotina não diminui os índices de infecção, de forma que quando indicada deve ser realizada com aparelhos barbeadores e imediatamente antes da cirurgia. Não há evidências que comprovem o benefício do banho com clorexidine degermante antes da cirurgia. |
4. Preparo colônico |
Alto nível de evidência
– Preparo mecânico isolado: Guidelines até o momento recomendam evitar a prescrição de laxativos em cirurgias colônicas por levar a desidratação, desequilíbrio eletrolíticas e desconforto no paciente, sem aparente ganho. Porém, sugere-se considerar seu uso em cirurgias retais. Ensaios randomizados recentes tem demonstrado benefício na combinação de preparo colônico com antibióticos por via oral. |
5. Fluidos e eletrólitos no pré-operatório |
Moderado nível de evidência
Hidratação: O paciente deve ser operado o mais próximo possível da euvolemia. Equilíbrio eletrolítico: Evitar jejum pré-operatório prolongado, fornecer líquidos claros (maltodextrina, por exemplo) por até 2 horas antes da indução anestésica, evitar preparo intestinal. Qualquer déficit diagnosticado deve ser corrigido. |
6. Jejum pré-operatório |
Alto nível de evidência
Jejum de 6 h para sólidos e 2 h para fluidos claros, incluindo bebidas CHO (carboidratos orais como maltodextrina). Sem recomendações para CHO e pacientes com diabetes. |
Moderado nível de evidência
CHO melhorando bem estar e resistência insulínica: CHO atenua a resposta catabólica induzida pelo jejum noturno e cirurgia, diminuindo a quebra de proteínas, mantendo for;forca muscular do paciente. |
Baixo nível de evidência
CHO reduzindo complicações e melhorando tempo de recuperação: Poucos dados apóiam efeito na morbi-mortalidade pós-operatória. |
Confira a primeira parte deste artigo em Veja recomendações para cuidados em cirurgias eletivas colorretais
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